No verso, o amor

                          Deus fez um anjo para cada homem,
                          confiou-lhe seu corpo e seu destino.
                          Disse-lhe: "Impede que as paixões o                           domem. Guarda-o para ser bom                              desde menino."


                                                           Odylo Costa, filho

          Escrevi esta crônica no último mês de agosto. Não sei por que não a publiquei. Mas ela não caducou. O motivo que a inspirou permanece intacto. Com alguns retoques e com quase um mês de atraso, publico-a, e sem maiores delongas.
          Quis, ao escrevê-la, lembrar os trinta e três anos da morte de um dos bons poetas brasileiros, ocorrida no dia 19 de agosto de 1979, no Rio de Janeiro. Falo de Odylo Costa, filho.

          Começo, dizendo ser inegável que esse excelente vate tem - usando palavras de Otto Lara Rezende - um reconhecido e elogiável "espaço poético" na literatura brasileira.  
          Manuel Bandeira, seu admirador, enfaticamente declarado, colocou os poemas do Odylo entre "os mais belos da língua portuguesa".
          O saudoso monge beneditino, Dom Timóteo Anastásio, que conheci quando ele era o abade do Mosteiro de São Bento em Salvador, num artigo intitulado Celebração do Amor, disse o seguinte sobre Odylo Costa, filho: "O fruto da sabedoria é doce, e Odylo no-lo oferece num prato de Beleza e de Amor, para que nos banqueteemos na paz, na recordação, na forte experiência que nos dá um homem que chegou à plenitude."

          Para quem não sabe ou não mais se lembra, recordo que Odylo Costa, filho nasceu em São Luís do Maranhão no dia 14 de dezembro de 1914. É filho, pois, de uma terra que deu inspirados poetas, Gonçalves Dias, por exemplo. 
          Não sou um crítico literário. Por isso, não me aprofundarei no exame, ainda que superficial, da obra desse festejado vate maranhense. Seria uma imperdoável irresponsabidade se assim procedesse.           Me limito, apenas, a admirar e a divulgar sua rica poesia. E o faço, aqui, transcrevendo um de seus poemas que mais gosto.

 As bodas de Caná

 Jesus, homem feito, foi
 a um casamento em Caná.
 E de repente Maria,
 que também se achava lá, 

 disse-lhe: - O vinho faltou.
 Ele respondeu: - Minha hora,
 mulher, ainda não chegou.
 Foi quando Nossa Senhora

 mandou sorrindo: - Fazei
 tudo o que ele vos disser.
 Trouxeram-lhe grandes potes:
  - Enchei da água que couber.

 Provaram dela: era vinho.
 Nunca melhor se tomou.
 Em seu primeiro milagre
 Jesus o amor abençoou.


          - "Em seu preimeiro milagre/ Jesus o amor abençooou." Que lindos versos!
          Abro um parêntese, para dizer que nunca ninguém narrou as Bodas de Caná tão bonito como Odylo Costa, filho. Nem o Evangelista responsável pela sua divulgação. Fecho o parêntese.
            Espero ter contribuído para manter viva a memória desse ilustre bardo maranhense, cuja obra está, agora, nas páginas do livro Obras Completas, já nas livrarias. É só comprar e ler; de cabo a rabo.
     
     
     

      
   
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 10/10/2012
Reeditado em 28/11/2019
Código do texto: T3925880
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