O CÚMULO DA HIPOCONDRIA
Contando assim parece até mentira de tão ridículo, mas o caso foi o seguinte: eu tinha passado num determinado concurso público e para assumir o cargo eu precisava fazer uma bateria geral de exames, para atestar que estava gozando de boa saúde.
Se por ventura os exames não atestassem que a minha saúde estava em dia, eu perderia a chance de assumir meu cargo e em função disso, eu comecei a entrar numa espécie de surto hipocondríaco. Fiquei completamente paranóica imaginando que eu poderia ter toda a sorte de doenças, embora não estivesse sentindo absolutamente nada.
Comecei a revisar todo o meu corpo para me certificar de que estava tudo na mais absoluta ordem e foi aí que encontrei uma coisa meio estranha, num lugar meio esquisito.
Fui ao meu ginecologista, entreguei para ele a lista dos exames que eu precisava fazer, ele verificou a minha pressão arterial e afirmou que estava boa, embora eu continuasse insistindo que treze por oito era uma pressão alta demais, e depois disso, eu disse assim:
- Doutor, eu ando sentindo uma coisinha meio encaroçada bem ali, no caminho das índias, sabe? Bem entre a periquita e o fiofó. Eu preciso que o senhor dê uma olhadinha pra ver o que é que tem ali.
Muito bem, o médico foi me examinar, e lá pelas tantas, ele tocou no tal lugarzinho e perguntou:
- É aqui que você ta sentindo o carocinho, Luciana?
E eu muito aflita disse:
- É sim, Doutor. Afinal, o que é que tem aí?
- É só a dobra da tua bunda, Luciana.
Bom, depois de encrencar até com a dobra da minha própria bunda foi que eu percebi que estava ficando meio pirada com esse negócio de ter que fazer exames.
No final deu tudo certo e os tais exames não acusaram nada de errado, a única doença que eu tinha era a própria hipocondria mesmo, ou seja, o próprio medo de estar doente.