Uuuuuuuuuuuuuuu! Oba, oba!
A lona armada e o circo esperando os espectadores. Os ingressos foram comprados e o espetáculo vai começar. Tem gargalhada, tem sim senhor! Mas quem irá sorrir? Tem marmelada, tem sim senhor, e demais! E tomem vendedores de chicletes e pipocas e bananas para os macacos.
No picadeiro os artistas apresentarão seu show e vaias para o grotesco e o esdrúxulo exibido. Palhaços choram com seus dentes ganhos anteriormente e a piada de baixo calão só será entendida no final. Chicotes açoitarão os animais, mas as costas largas dos espectadores sentirão o flagelo e os cortes causados por aplausos antecipados. No globo da morte torcemos para que nada dê errado e tudo não termine em um caixão de desenganos e frustrações. Na corda bamba tropeça a dignidade e sem a rede de proteção, se estabaca no chão a decência. Olha o amendoim! Tem pipoca! Tem vergonha na cara? Esse produto há muito sumiu das prateleiras.
Panis et circenses! Pão e circo e viva Roma! Os gladiadores definharam e a massa apanha diariamente para ficar mais morosa e mais fácil de modelar.
Respeitável o público! Rsrsrsrsrsrsrsrsr...! É de rolar de rir esse bordão. “Ao vencedor, as batatas” e aos espectadores, as bananas caturras. Risos, guisos e muita festa, mas dia de tal é véspera de muita dor. As dentaduras sorriem fora da boca e a boca pede o fim do espetáculo, mas o bis dos beneficiários brada mais alto e assim a busca pela repetição será inevitável.
Palmas, palmas, estava tudo as claras! Cartas na mesa, curingas na manga e muita picardia para alegrar quem quer ser ludibriado. As cortinas se fecham, todos voltam para as suas casas e o espetáculo que nem bem terminou ainda terá seu início. Viva, viva! Quem quer pão? Quem quer circo? E assim eu vou cantando só: “todo mundo vai ao circo, menos eu, menos eu”.
UUUUUuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Vaiem, quem puder! Oba, oba! Aplaudam, quem quiser!
Mário Paternostro