Não adianta fugir do destino
Não adianta fugir do destino. O que os religiosos chamam de destino é a ilusão de termos à esperança certa na pessoa que nos aguarda. Só nos aguarda quem também está esperando. Ou seja: se do lado de lá há alguém sintomaticamente parecido, isto é, também desejante, e que quer porque quer achar sua alma gêmea, aí isso se confunde com nosso destino. Não passa de um Outro, esperando alguém como nós. Não porque 'nós' sejamos melhor ou mais bonitos. Menos ainda, que o que de lá, é nosso par perfeito. A alma gêmea é a apenas montada em torno de uma dependência mútua.
Se o pólo de lá é negativo, o positivo daqui não atrai. Se o daqui é negativo, de lá nunca aparece nada. A melhor atração, que a física ainda não conhece, é que ninguém quer de lá o Outro, assim de qualquer jeito. Ou seja: não depender do amor, não viver em torno da necessidade de ser amado é o caminho mais seguro na vida. Não traz nenhuma proteção, pois a única garantia que institui o humano é de não termos garantia alguma. Seria bom se houvesse um sinistro para resolver nossos problemas e dilemas. O Psicólogo ocupa esse lugar. É um 'band-aid' da alma. Pena que a chuva, quando a mão é lavada, a cola do adesivo larga. Isso mostra que a cura não é possível. Não quer dizer que não se possa tentar.
Essa é a única tentativa possível.