Indiozinhos do Toddy

Hoje tive um sonho de olhos abertos. Acho que as ligações telefônicas aos domingos me fizeram falta. Aquelas ligações que recebia até pouco tempo atrás. Ligações geralmente ao meio dia e meia, ou algum tempo antes,ou depois, mas isso não faz muita diferença. A grande diferença é que não mais as receberei, ou antes do meio dia e meia, ou pouco depois. Mas vamos ao sonho. Sonhei com os “Indiozinhos do Toddy” e creio que muita gente não sabe do que estou falando, mas os da minha geração saberão, com certeza. Sonhei que tinha uma coleção enorme dos “indiozinhos do Toddy” e como sempre fazíamos, eu e meu irmão, montamos o nosso teatro, ou nosso cinema. Era bem fácil e criativo. Uma parede branca ao fundo. Os indiozinhos enfileirados. Uma vela acesa em frente à eles e o teatro estava montado. Mas quem pensa que isso tudo é importante se engana. Do meu lado, deitado, em frente à parede branca, pois esse era o palco de tudo, estava meu irmão. Mais velho dois anos que eu era sempre o Diretor e o Produtor. Mas isso também não importa. O importante é que ficávamos juntinhos, lado a lado, sentindo e ouvindo a respiração um do outro. Os indiozinhos ficavam inertes mas com o movimento da chama da vela sobre eles e a sombra refletida na parede branca dava-lhes movimento.O nosso sorriso era constante diante daqueles “indiozinhos do Toddy”. Bem, de todas essas lembranças boas da minha infância a que mais me marcou hoje, com este sonho, foi a falta da sua presença. Os indiozinhos eu posso comprar. A vela, também posso. A parede branca está aqui, na minha frente. Só me falta sentir e ter, a sua respiração, o seu contato, o seu sorriso, e isso eu não mais terei, ou terei, mas não sei quando e como.