Tudo que eu amo
Bença Mãe, Bença Pai... Deus te abençoe, filha.
Esta semana passou, graças ao tempo guiado pelas mãos poderosas de Deus e pela minha capacidade de enfrentar todas as tempestades que insistem em visitar meu nem tão frágil coração. As pessoas deviam ter um termômetro pregado na boca antes de magoar as outras. Eu não sou santa, mas sou incapaz de ferir quem quer que seja. Existem algumas que não sabem perder e outras que possuem tanta dignidade que sentimos a sua luz a quilômetros de distancia.
Estou com a sensibilidade muito aflorada porque o comprometimento comigo mesma em escrever uma pequena, simples e tocante biografia – a minha primeira experiência neste tipo de escrita – leva-me às lágrimas muitas vezes. Antes de escrever, faço uma oração que me leva ternamente aos braços da protagonista do livro. Mesmo assim levo horas para fechar cinco páginas. Meu editor já me cobrou os quinze dias de prazo que eu alegremente havia informado que entregaria o livro. Depois, recebi conselhos de duas pessoas muito importantes para mim, que não preciso ter pressa; o livro ficará pronto na hora certa. Só assim pude acalmar meus pensamentos.
A hora certa é aquela que nos faz sentir donos do mundo, quando ouvimos – e sabemos e sentimos claramente - que somos amados de verdade. Posso agora partilhar o que é real, sem cobranças e críticas, mágoas e desrespeito. Costumo usar minhas fotos e imagens devidamente creditadas para fazer meus pequenos versos. O que sinto naquele momento é colocado em três pequenas frases. Um toque aqui, outro ali e mais um está pronto. O que mais eu gostei de escrever foi este e obviamente vem com uma versão para o inglês, para que algumas pessoas que não falam o nosso idioma e os responsáveis por tanta inspiração possam ler.
Quando Outubro Vier
Doce imagem chega para forte abrigo
Correndo aos novos chãos de Outubros
Ventos de Norte e de Sul se encontram.
When it is October
Sweet image arrives for strong shelter
Running to the new grounds of Octobers
Winds of North and of South say hello.
Para ser feliz não é preciso muito, apenas que os nossos momentos de felicidade cumpram seu curso natural. A vida é feita de preciosidades, alegrias, ternura, mas também é feita de inveja, agressividade, competição. Eu prefiro viver a primeira parte, porque o meu sentimento é sempre de dentro para fora e é o mais belo que posso ter.
Tudo que eu amo é simples.
Amo a casa de minha mãe e principalmente aquela figura bonita que a habita. Amo as flores do jardim de minha irmã, as conversas que temos todos os dias. Amo lembrar-me de minha infância de velhas caixas de sapatos, cheias de recortes e pequenas frases.
Amo lembrar-me das tanajuras sobrevoando a minha pequena cidade, anunciando o verão. Amo saber que vou pisar na neve de novo, desta vez amparada por braços ternos. Amo minha amiga de quatro patas, tão inteligente e melhor que muitos humanos. Amo meus filhos e minha neta, minha família adorada.
Amo poder chamar alguém de meu amor. Amo sorrir para a vida, fotografar, escrever e até as tentativas de consertar este dente que fez um estrago na minha boca. Amo esperar por “Bom dia, eu sinto a sua falta”. Amo retribuir tudo de bom que posso alcançar.
Amo novos cheiros, até de sabonete de melão. Amo fazer sopas, tomar sorvete, comer pipocas, ler jornais e revistas. Amo livros de meus conterrâneos, lindos, cada um dando o melhor de si. Amo tomar café na casa da Ester, de buscar a Renata para ter o prazer de estar junto daquele sorriso iluminado e fraterno. Amo arrumar a casa, enfeitar com flores o meu cantinho.
Amo a chuva, o sol e a lua. Amo tocar, sentir.
E como de tudo isso faço parte – porque este é o mundo que foi totalmente criado por mim, repito “Bença Pai, Bença Mãe”.
Para Jim, com amor, do verbo amar.
Imagem : Lago Nokomis, Wisconsin, USA
Photo by Jim Landrith