Reflexões Sobre O Homem Caido!
REFLEXÕES SOBRE O HOMEM CAÍDO!
Deitado transversalmente sobre a calçada, no meio fio, jazia imóvel aquele homem!
Cabelos brancos, traços de sofrimento, caído daquela forma, “atrapalhando” consideravelmente o tráfego rápido das pessoas paulistas que por ali passavam!
Ele poderia deixar para cair num local mais discreto (se é que pode ser chamado de local discreto, qualquer lugar na rua), ou pelo menos um local onde ficasse menos exposto a curiosidade pública!
Mas que nada, um homem naquelas condições não tem mais: amor próprio, ideais, sonhos, desejos, paixão, carinho, sensibilidade, etc., ou ao contrário, talvez tenha tudo isso multiplicado, porém, obscurecidos, pelo efeito duradouro e violento do etílico em sua mente!
Impossível não refletir sobre o passado e o destino daquele ser!
Ou pelo menos, quando observo semelhante situação, forçosamente sou conduzido a pensar nas circunstâncias que levaram (e levam) aquela pessoa àquele estado desesperador, sem volta!
Era noite, por volta das 21:00 horas, temperatura agradável, então, não pude me furtar a necessidade de questionar meus próprios pensamentos, quando passei a cerca de trinta centímetros da “caixa craniana” daquele homem caído, desmaiado, esquecido e divagar sobre a questão.
Com certeza, teve mãe, caso contrário não estaria vivo!
Também deve ter tido um pai, do contrário também não existiria fisicamente!
E é verdade que em “algum lugar no passado” foi criança deve ter freqüentado uma escola, teve amiguinhos, namoradas, deve ter se divertido, sonhado, amanhecido sonhando com o próximo beijo em sua amada!
Talvez um pouco antes, fora conduzido e transportado no colo da sua mãe! Fora amamentado, abraçado, beijado e chamado de “coisinha” da mamãe ou do papai!
Mais tarde, passara sem dúvida, a torcer por algum time de futebol, travou discussão sobre campeonato. Também deve ter tido muita satisfação quando tirou nota boa em alguma prova na escola e sua professora, por exemplo, num arroubo de emoção, tenha lhe dito: “um dia você será um grande homem!”
Entretanto, seja lá como tenha sido o seu passado, o seu presente é desastroso! Trágico! Horroroso!
Quanto ao seu futuro...
Se der sorte, pode ir morrendo lentamente corroído pelo “álcool” interiormente, se não der sorte, pode ter seu corpo encharcado com o mesmo álcool e ser queimado vivo, por esses adolescentes assassinos, que hoje são frutos da outra geração não muito sensível a essas causas sociais!
Por fim, jaz ali o homem caído!
Ele mesmo não sabe se está vivo ou se está morto!
Daqui a algumas horas vai acordar, vai levantar completamente aturdido, cabeça latejando, estômago “roncando”, com vontade de morrer!
Trôpego se apoiará pelas paredes, persistente, cairá algumas vezes. A tremedeira tomará conta de suas mãos e como gesto caridoso e magnânimo de algum outro colega seu, será contemplado com um novo trago do seu “elixir da vida”, recobrará os ânimos, novamente sentirá vontade de viver, para voltar a fazer aquilo que sabe muito bem: beber! Beber e beber!