Letra e letra e um amor letrado!

- Beletrista, preciso desabafar!

- Diga.

- Eu estudo letras e me apaixonei por meu colega de sala

- E daí?

- Daí que ele tem um lindo predicado e me disse que queria conhecer minha sintaxe.

- E você?

- Eu olhei aquele adjetivão e fiquei subordinada e sem coordenação.

- Conte mais!

- Fiquei com emoção hiperbólica.

- Fale

- Ele usou de uma cacofonia e me pegou com léxicos cheios de predicativos.

- Como assim?

- Ele é um sujeito determinado e eu uma subordinada cheia de vírgulas e pontos de seguimentos.

- Pontos?

- Pontos sim! Quero toda a gramática dentro de mim!

- Tem que estudar mesmo!

- E olha que aprendi com esse sujeito o sintagma.

- O que?

- Analisei o discurso e vi que ele era bom de papel.

- Como?

- Escrevia muito bem e como era bom com sua metáfora.

- E daí?

- Amei e usei a onomatopéia para....

- Para quê?

- Vixe! Que interjeição e possessividade.

- Sim e...

- Acabamos escrevendo um conto, uma poesia, depois descansamos e nos perdemos nas letras.

- Minha filha, rasgue o papel e vá viver a vida!

- Por que Beletrista?

- Porque nem só de letras vive o dicionário, mas também da semântica e de traduções distorcidas.

- Então, faço o quê?

- Aconselho um lingüista. Ele aplica melhor e tenta entender de tudo. Pegue a sua borracha e a caneta e enfie no estojo. Vá e toma esse antialérgico, pois tudo é virose.

“Beletrista sexual”

Formada no lupanar da vida e doutorada em sabedoria popular!