C(S)em Dias Letivos (A notícia alvissareira é que podemos ser úteis sem qualidade)
Faz alguns dias, quando eram 100, os dias letivos propostos no calendário escolar, para contar a promoção do aluno da EJA, de um período para outro. Então, li uma faixa de advertência, na frente do prédio escolar, bem exposta: “como seria terrível se eu saísse em férias com a certeza da reprovação!” Ela não só se referia à suposição de alguém que está reprovado, mas, sim, à conjetura de ter sido liberado para gozar férias sem fazer jus. Dei, porém, àquelas palavras o sentido de que eu estaria perdido sem o direito de descansar neste recesso de final de ano. Como professor, fui reprovado também, porque reprovei trabalhadores, fiz muito pouco por eles, sendo que os fracos cabem justamente no ideário do sistema. Isto me levou a fazer imediatamente sérias reflexões.
Una-se comigo em sua imaginação e veja uma senhora idosa que atravessou os tempos de angústia e finalmente contemplou a chegada de sua aposentadoria. Que vitória! Imagine então que ela esteja cursando a EJA (Educação de Jovens e Adultos) ou um desses programas de aceleração para encurtar o percurso da corrida, e que ela vê uma nuvem de facilidade aproximar-se mais e mais, sempre aumentando de tamanho e esplendor sem precisar correr tanto. Finalmente essa nuvem se transforma em perspectivas futurísticas. Mais tarde, glorioso momento da formatura chega tão perto de si que lhe parece elevá-la ao céu. O diploma lhe promete poder e sucesso. Essa favorecida, avaliada diferenciadamente, como se houvesse dois pesos e duas medidas na justiça educacional, fica com receio, não sabendo se está apta ou inapta; mas o fato de ainda está legalmente no páreo, isso lhe traz esperança, que se transforma em alegria ao ser ouvidas as palavras: “hoje é sua festa de formatura.”— essa é a voz da escola moderna, não tradicional e includente custa o que custar. (Formada em quê?).
“— Despertem! Despertem! Despertem! Vocês que dormem no berço de palha, venham para o berço esplendido” — assim ordenam os otimistas demais. Mas, esses “mágicos” da educação não dizem qual será o próximo passo, e que só poderão dar os autodidatas. Os concursos facilitados vêm como terremotos que abrem as sepulturas dos justamente poupadores de esforços, “paparicados”. Depois de “formados” observam atentamente para o horizonte procurando ver se alguma vibração indique que eles estão verdadeiramente no páreo do mercado. Mas, nada acontece!
Esta é uma cena muito desagradável, mas continuará ocorrendo algo semelhante. A notícia alvissareira é que podemos ser úteis sem qualidade, praticando a lei do menor esforço em detrimento do que é justo e funcional.