Os Alpinistas Estão Chegando.

05/10/2012

Não me lembro do nome do filósofo que disse que o esporte é o esforço máximo por uma total inutilidade o que complementou com a frase de que a dor sentida é totalmente desproporcional ao resultado alcançado. Como adorador incondicional da grande maioria das modalidades esportivas, tais afirmações me obrigaram a filosofar. Não seria a vida o esporte de cada um, nascemos para morrer, e existe coisa mais inútil para cada um de nós do que a morte. Independentemente de crenças religiosas, pois após nossa morte o que vem são hipóteses.

As provas de atletismo por serem clássicas nos servem de exemplo. O salto com vara, que coisa mais inútil, o atleta corre suportando uma vara duas vezes maior que ele próprio para então cravar uma das pontas no solo e se apoiando na ponta oposta lança-se ao ar tentando ultrapassar outra vara perpendicular a de apoio e postada em altura superior àquela e então, como consequência das leis da física, regressa ao solo. Se ao fim de um esforço chegamos ao mesmo ponto de nossa partida, quando estávamos em repouso, de que nos serviu tal esforço. Isto contraria a sabedoria oriental que nos diz que nunca devemos voltar ao lugar que fomos felizes, pois poderemos achar a infelicidade.

Para mim o esporte representa a vida. No mínimo procuramos superar a nós mesmos. Nós decidimos em qual modalidade iremos competir e aí não importa a pista que trilhamos se cheia de obstáculos ou de piso apropriado, na realidade depende de cada um como irá competir, se contra si próprio ou contra adversários que podem se tornar inimigos, se utilizaremos apenas nossa capacidade ou se iremos adicionar ou utilizar utensílios, meios, objetos ou recursos que a multiplique. A vida é assim para uns a prova é de 100 metros onde eu só dependo de mim, pois todos os meus adversários têm o mesmo ponto de partida. Para outros a corrida é longa e aí já não tenho o mesmo alinhamento de meus adversários, na partida posso começar a corrida na pista externa onde a curva é longa ou na interna onde ela é curta e a reta está mais próxima.

Olhando o esporte que escolhi para mim posso dizer que seria o mountain trekking (caminhada na montanha), não confundir com o alpinismo que é a escalada a um ponto da montanha para após lá chegar voltar ao ponto da partida. No trekking não temos pressa, nos esforçamos ao subir a montanha que divisamos e quando chegamos ao seu cume somos recompensados por uma descida onde todos os santos nos ajudam e aí chegamos a um vale que nos possibilita recuperar as forças e passar a subir a próxima montanha que certamente nos trará desafios diferentes aos já vivenciados. Neste esporte se temos companhia, a temos por prazer e não por necessidade.

Tenho para comigo que o lugar em que nascemos é capaz de nos fornecer tudo que necessitamos. Sou mineiro, meu horizonte são as montanhas, preciso galgá-las para divisar outro horizonte, e outro, e outro...

Geraldo Cerqueira