Panela de Pressão

Panela de Pressão

04/10/2012

Comprei um belo pedaço de coxão mole (chã de dentro) com uma bela capa de gordura (manteiga), retirei-a da embalagem plástica e a coloquei em uma badeja com abas altas. Aproveitei a embalagem, um saco de plástico resistente e nele despejei dois copos de vinho demi-sec tinto chileno, juntei uma boa colherada de um tempero de minha tempera que continha além do sal marinho, alho, cebola, cebolinha, alho poró, alho japonês, salsa, hortelã, alecrim e provavelmente outras ervas que tais. Após fechar a boca da embalagem, a minha já permanecia aberta, balancei até obter uma mistura homogenia cor de vinho esverdeado. Voltei a carne para esta embalagem e voltei a sacudir por 2 minutos. Deitei todo o conteúdo novamente na bandeja que recobri com papel alumínio, ao terminar vi que já passavam das 22:30, fui para a cama e passei a assistir ao filme MEDIUN na UCTV. Dormi e sonhei que participava de antigas festas romanas. Ao acordar no dia seguinte deliciei-me com o aroma do vinho que perfumava todo o ambiente, virei a carne na bandeja e fui tomar meu café.

Já alimentado e ainda saboreando o aroma do vinho, tomei uma panela de pressão de 10 litros. Depositei no seu fundo uma generosa colher de manteiga e sobre ela deitei gotas de molho inglês salpicando pequena porção de açúcar. Acendo a trempe média do fogão e após ver que o açúcar começara a dourar, coloquei a peça de carne sem o liquido da bandeja.

Maravilhoso o barulho da carne a fritar que se amalgamava com o odor numa perfeita mistura de sentidos. Pacientemente deixei dourar bastante cada lado da peça, pingando água para que o fundo não ficasse totalmente seco e que desprendesse sua cor. Após me contentar com a coloração semelhante a de uma bela morena cor de jambo, despejei, pelas paredes laterais da panela, água e o liquido da mistura de vinho e tempero, até cobrir a bela peça. Coloquei a tampa. Liguei o computador para verificar minhas correspondências no meu e-mail. Ao ouvir o chiar da panela olhei o relógio, eram 8:25. Continuei nos meus afazeres eletrônicos e era difícil sorver tanta água que me vinha a boca pelo extasiante cheiro que dominava toda a casa. 9:00 horas fui ao fogão e desliguei-o. Ansiosamente aguardei 20 minutos. Abri a panela busquei um prato e sobre ele abri ao meio um pão francês, peguei uma concha e recolhi, por duas ou três vezes o bronzeado caldo que despejei sobre o pão aberto até que ultrapassasse a casca. Com uma colher retirei pedaços daquela massa molhada e quente que passei a sorver sem me preocupar se me escorria ou não pelos cantos da boca. O prazer quase orgásmico não durou mais que poucas dezenas de segundos. Após limpar a boca, tampo a panela de pressão e a retorno ao fogo por mais uma dezena e meia de minutos tempo necessário para reduzir o restante do caldo e terminar o cozimento da carne.

Salve a panela de pressão que ás vezes nós é tão incomoda ao sentirmos que vivemos dentro dela.

Geraldo Cerqueira