TUDO POR UM CANTO
No último sábado, fomos visitar a família. Estivemos em Joinville, onde mora parte da filharada. No domingo, passamos em Navegantes, onde mora meu irmão e, por hora, está morando minha mãe, que agora em outubro completa 90 anos.
Meu irmão, aposentado, morando a beira mar, é cheio de manias. Uma delas é a mardita cachaça. Outra, é ter e negociar passarinhos. Sua especialidade é Coleiro e Trinca Ferro.
Bom, vira e meche e acabei cantando ele num dos seus tantos Coleiros. E claro que ele me deu. Como não queria me dar uma gaiola de presente (o passarinho eu dou, mas gaiola de jeito nenhum, resmungava). Então passamos quase toda a tarde de domingo construindo uma caixinha de madeira para transportar o meu presente.
Foi uma tarde de discussão, cerveja, cachaça e muita teima. No meio da operação de construção da caixinha de mais ou menos 20 x 20 cm, já tinha mais um monte de gente dando palpite. Até minha mãe veio querer ajudar e acabou por se contentar em abrandar as acaloradas discussões em torno de como seria melhor fazer tal caixinha de madeira.
Mas no final da tarde nossa criação de arte estava pronta. Feita com serrote, prego saindo pelos lados e alguns outros poucos defeitos. Claro que não faltou um dedo cortado, outro dedo martelado e muitas ameaças, além de muita bronca nos palpiteiros.
Mas no frigir dos ovos, trouxemos o coleiro na caixinha. Está mudando a pena. Feio para arrebentar. Todo arrepiado. Já perdeu até o rabo. Segundo meu irmão, só lá por outubro ele completa a muda e volta a cantar, cuja previsão espero que se concretize. Se não cantar claro que devolvo, mas não devolvo a caixinha, já que ele não quis me dar a gaiola que já estava pronta e que teria poupado toda a trabalheira de uma tarde domingueira inteirinha.
Já tinha uma Gaiola no sótão da casa onde estou morando. Uma gaiola bem própria para o Coleiro. Ainda no domingo à noite, logo que chegamos, dei uma geral na mesma, lavei o bebedouro, o comedouro, tudo no capricho. Foi mais uma longa tarefa, que se estendeu pela noite. Para variar, levei algumas broncas, pela sujeira que fiz na lavanderia. Mas depois da Gaiola pronta, limpei tudinho, no capricho, pois, afinal de contas sou obediente.
Finalmente pus o Coleiro na sua nova moradia. Uma verdadeira mansão. E daí veio mais uma grande dúvida; mais uma longa e acalorada discussão com minha mulher. Onde deixar o Coleiro? Quase apanhei quando quis por na sala. Se bem que seria o lugar ideal. Na varanda seria perigoso. O vento, morcegos, formigas, etc. Na garagem, nem pensar...
Já na madrugada, conseguimos uma solução conciliadora. O Coleiro ficaria na cozinha e na cozinha está. Não canta. Pia às vezes, arremedando minha mulher que fica lhe provocando todo o tempo. Mas como o danado come. Eita bichinho pequenino para comer. Além da comida que está no comedouro tradicional, meu irmão recomendou por também num potinho, perto do poleiro. É um potinho todo dia. Como come o danado.
Além da ração recomendada, misto de alpiste, painho e outras sementes, o ex proprietário recomendou que lhe servisse, vezes em quando, um pedaço de pepino verde. Que um pedaço de espiga de milho verde, bem novinha, também seria apropriado. Uma vez por dia temos que por um potinho de água para ele tomar banho. E tem mais... É necessário que tenha um vasilhame no fundo da gaiola com areia peneirada, higienizada, para que o bichinho possa tomar banho de areia. Pode?
Mais fácil criar uma penca de filhos. Mas o bichinho é bonitinho, ou pelo menos ficará, quando acabar de mudar as penas e quem sabe começar a cantar, conforme as promessas do meu irmão, que me manda email todo dia, indagando sobre a saúde do Coleiro e com mais uma lista de recomendações para o seu bem estar.
E agora minha mulher achou um motivo de discórdia provocada pelo meu Coleiro. Está implicando com o bichinho, reclamando que o passarinho está lhe incitando a também comer todo o tempo. Como está na cozinha, ela o olha comendo e dá vontade de comer também. Ontem até ligou para meu irmão, reclamando do comilão e do que pode lhe provocar.
Resta-me tratar bem do bicho, esperar que termine a muda, que comece a cantar e que minha mulher não engorde.
No último sábado, fomos visitar a família. Estivemos em Joinville, onde mora parte da filharada. No domingo, passamos em Navegantes, onde mora meu irmão e, por hora, está morando minha mãe, que agora em outubro completa 90 anos.
Meu irmão, aposentado, morando a beira mar, é cheio de manias. Uma delas é a mardita cachaça. Outra, é ter e negociar passarinhos. Sua especialidade é Coleiro e Trinca Ferro.
Bom, vira e meche e acabei cantando ele num dos seus tantos Coleiros. E claro que ele me deu. Como não queria me dar uma gaiola de presente (o passarinho eu dou, mas gaiola de jeito nenhum, resmungava). Então passamos quase toda a tarde de domingo construindo uma caixinha de madeira para transportar o meu presente.
Foi uma tarde de discussão, cerveja, cachaça e muita teima. No meio da operação de construção da caixinha de mais ou menos 20 x 20 cm, já tinha mais um monte de gente dando palpite. Até minha mãe veio querer ajudar e acabou por se contentar em abrandar as acaloradas discussões em torno de como seria melhor fazer tal caixinha de madeira.
Mas no final da tarde nossa criação de arte estava pronta. Feita com serrote, prego saindo pelos lados e alguns outros poucos defeitos. Claro que não faltou um dedo cortado, outro dedo martelado e muitas ameaças, além de muita bronca nos palpiteiros.
Mas no frigir dos ovos, trouxemos o coleiro na caixinha. Está mudando a pena. Feio para arrebentar. Todo arrepiado. Já perdeu até o rabo. Segundo meu irmão, só lá por outubro ele completa a muda e volta a cantar, cuja previsão espero que se concretize. Se não cantar claro que devolvo, mas não devolvo a caixinha, já que ele não quis me dar a gaiola que já estava pronta e que teria poupado toda a trabalheira de uma tarde domingueira inteirinha.
Já tinha uma Gaiola no sótão da casa onde estou morando. Uma gaiola bem própria para o Coleiro. Ainda no domingo à noite, logo que chegamos, dei uma geral na mesma, lavei o bebedouro, o comedouro, tudo no capricho. Foi mais uma longa tarefa, que se estendeu pela noite. Para variar, levei algumas broncas, pela sujeira que fiz na lavanderia. Mas depois da Gaiola pronta, limpei tudinho, no capricho, pois, afinal de contas sou obediente.
Finalmente pus o Coleiro na sua nova moradia. Uma verdadeira mansão. E daí veio mais uma grande dúvida; mais uma longa e acalorada discussão com minha mulher. Onde deixar o Coleiro? Quase apanhei quando quis por na sala. Se bem que seria o lugar ideal. Na varanda seria perigoso. O vento, morcegos, formigas, etc. Na garagem, nem pensar...
Já na madrugada, conseguimos uma solução conciliadora. O Coleiro ficaria na cozinha e na cozinha está. Não canta. Pia às vezes, arremedando minha mulher que fica lhe provocando todo o tempo. Mas como o danado come. Eita bichinho pequenino para comer. Além da comida que está no comedouro tradicional, meu irmão recomendou por também num potinho, perto do poleiro. É um potinho todo dia. Como come o danado.
Além da ração recomendada, misto de alpiste, painho e outras sementes, o ex proprietário recomendou que lhe servisse, vezes em quando, um pedaço de pepino verde. Que um pedaço de espiga de milho verde, bem novinha, também seria apropriado. Uma vez por dia temos que por um potinho de água para ele tomar banho. E tem mais... É necessário que tenha um vasilhame no fundo da gaiola com areia peneirada, higienizada, para que o bichinho possa tomar banho de areia. Pode?
Mais fácil criar uma penca de filhos. Mas o bichinho é bonitinho, ou pelo menos ficará, quando acabar de mudar as penas e quem sabe começar a cantar, conforme as promessas do meu irmão, que me manda email todo dia, indagando sobre a saúde do Coleiro e com mais uma lista de recomendações para o seu bem estar.
E agora minha mulher achou um motivo de discórdia provocada pelo meu Coleiro. Está implicando com o bichinho, reclamando que o passarinho está lhe incitando a também comer todo o tempo. Como está na cozinha, ela o olha comendo e dá vontade de comer também. Ontem até ligou para meu irmão, reclamando do comilão e do que pode lhe provocar.
Resta-me tratar bem do bicho, esperar que termine a muda, que comece a cantar e que minha mulher não engorde.