Uma viagem ao Canadá

Transformações

Anualmente eu visito o Canadá e em cada ocasião percebo coisas diferentes.
A disciplina apresentada pela sociedade em relação ao trânsito, o respeito às pessoas, principalmente aos idosos e crianças, o apoio aos jovens para se desenvolverem nos estudos, a igualdade de oportunidades onde as crianças da mesma região, sejam filhas de pais abastados ou não, são matriculadas nas mesmas escolas, o atendimento médico aos cidadãos de uma forma equânime, são o que fazem do Canadá um país diferenciado.
O Canadá conseguiu ter a eficiência americana aliada à ética apregoada pelos filósofos franceses do século passado, sem abrir mão do modernismo.
O Estado tem a mão forte para proteger as minorias e leis severas que não são diferenciadas entre abastados ou não.
Existe seriedade no trato do bem público e os direitos humanos são levados em consideração.
Por tudo isso eu admiro o Canadá e os canadenses, onde as agruras naturais por causa do frio intenso de um inverno longo, fortalece no seu povo as características da solidariedade e amizade.
Há que se considerar também, que hoje, o povo canadense é formado na sua maioria por imigrantes onde todos se respeitam e se aceitam.
Feito esse preâmbulo, passo ao principal, a natureza exuberante que se vê no Canadá.
Foi Lavoisier, na sua lei da conservação das massas quem disse que na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. A natureza está em eterna transformação, em contínua mudança, e nós somos também parte da natureza, sempre nos transformando, nos mudando.
Vistas da janela onde estava, lá fora, as folhas balançavam ao sabor do vento, folhas verdes claras, verdes escuras, mas verdes.
Alguns dias depois, as mesmas folhas verdes,já ficavam amareladas, sépias. Mais uma semana passada e as cores já se modificavam em número, formavam-se mais amareladas e sépias e diminuíam-se as verdes, aparecendo, agora também as vermelhas e rosadas, numa mescla que formava uma paisagem incrivelmente bela.
No ciclo seguinte, quase todas se apresentavam vermelhas e rosadas, pouquíssimas eram as verdes enquanto existiam ainda algumas amareladas e sépias.
Naquele período de duas semanas, enquanto observávamos as árvores e as folhagens, que criavam uma obra de arte diante dos nossos olhos, verificamos que a temperatura ambiente, que mesmo estando com um dia ensolarado em um fundo de céu azul limpo, brilhante e lindo, caía paulatinamente, preparando a chegada do inverno.
Nossos ouvidos já passaram a perceber o grasnar dos corvos que pousavam nas cercas.
De repente não se via mais o verde na paisagem, as folhas ficaram todas vermelhas, em tons variados e o gramado se tornou cinza, enquanto o orvalho da madrugada salpicava o chão, com a brancura do gelo.
Mas ainda não havia chegado o inverno....Estávamos em final do outono.
Em seguida as folhas começaram a cair, muitos galhos nus balançavam-se ao vento, enquanto o chão se cobria da folhagem vermelha, ressequida. Pouquíssimas espécies vegetais se mantinham com a folhagem preservada.
Os esquilos, ligeiros, corriam nas árvores, equilibrando-se com suas enormes caudas e guardavam as nozes para o longo inverno que iria chegar.
O vento, nos galhos nus, provocava um chacoalhar com seus ruídos característicos.
No céu, era a época da arribação, em revoada as aves fugiam do outono na busca de outras regiões onde havia a primavera.
Aproveitando a lição das aves, voamos também em retorno ao Brasil, deixando para trás o frio já instalado e que iria aumentar a cada dia.
Aprendemos a lição de que a vida é de eterna transformação e que nós também nos transformamos com ela, porque transformar é preciso.