AMANHÃ...

Amanhã será outro dia, permitindo a grandeza do universo questionado em suas fontes, que eu acorde e respire.

Transitarei pelos mesmos lugares, alguns que passei muitas vezes,incontáveis, ainda menino, quando a calma absoluta reinava.

Os oitis na minha rua ainda recebiam os pássaros e o barulho dos pardais era intenso. Ouve-se hoje sepulcral silêncio...os pardais se foram.

Não sabia que estava a viver um sonho; era menino. Não havia passado, a cidade não resfolegava perdida e sufocada no meio das gentes e dos carros.

O chão onde nasci, porque se nascia nas casas, é hoje chão. Passo em sua frente, mas tenho evitado, meu coração recusa.

A bela casa hospitaleira como um chalé suíço, estilo enxaimel, não mais existe, foi ao chão para um novo bloco de casas, umas sobre as outras, serem construídas, para entre pequenas paredes se apertarem as pessoas.

Minha avó já dizia, “são casas de cômodos do diabo”; se referia a apartamentos. Estava certa, são os locais onde brotam as maiores somas de conflitos que batem às portas dos tribunais.

Quantos morarão sobre o chão em que nasci? Quem? O amanhã dirá.

Não conhecia esse mundo do futuro onde eu não seria mais menino, e era então escolhido pelos deuses para viver em um mundo mágico.

Não percebia o amanhã de hoje quando subia minha rua de bicicleta para ir ao colégio, totalmente alegre por não ter chorado nenhuma tristeza. E esperava as férias para mergulhar na escambida, nas loucuras dos folguedos e no mar que me viu nascer, quase com os pés dentro dele.

Minha cidade mudou, eu mudei, mas os amanhãs continuam a me brindar com o sabor da vida....de uma forma totalmente diferente...

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 04/10/2012
Reeditado em 04/10/2012
Código do texto: T3915317
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