A ESSÊNCIA DA VIDA
Invisto na meditação. A minha frente, pouco distante, um pé de cajá, aparentemente, sem vida. Desfolhado completamente; galhos retorcidos, denodo de morte. O que mantém aquela árvore viva, são às suas raízes que adentraram à terra; canais de alimento, e sobrevivência da mesma; tal ruptura seria morte iminente.
O pé de cajá está firmado nelas - nas raízes -, no tempo determinado morrerá, em pé.
A preservação das nossas raízes – a ética, e a moral –; o respeito concernente ao alheio evidencia a essência da vida, vital para um mundo melhor – o amor.
Dele surge a multiplicidade de sentires – raízes fluentes de uma maior.
A ruptura desses marcos antigos¹, ou raízes, evidenciados, através da “educação” moderna, constrange-me.
A abertura demasiada que os jovens vivem nos dias atuais, tende a degenerar-lhes o caráter.
A moderação traz o equilíbrio em todas as áreas de nossas vidas. Fui partícipe de um diálogo há pouco tempo, com um senhor desconhecido, até então, mas que estava sedento por um desabafo; estávamos em um consultório médico – na sala de espera – quando, aquele pai iniciou a conversa:
– Comumente, levo o meu filho, Marcos, ainda adolescente, à escola; moramos distante, temos que usar o nosso carro; continuamente escuto as suas murmurações – finjo não entender o óbvio – tentando convencer-me a deixá-lo seguir, precocemente, só.
Pensa estar crescido, não quer ser visto pelos colegas em minha companhia, ou em companhia da mãe; não permite abraços diz não querer “pagar mico,” devemos isso à modernidade, não é mesmo? Isso me entristece... Porém, algo tem mexido comigo: observo sempre um jovem, mais ou menos, da idade do meu filho, que todos os dias, sentado na murada perto do portão de entrada da escola, quieto e solitário, nos olha de um jeito... Se o olhar insistente do garoto me chama a atenção, mais ainda, é o fato de ele entrar, logo após o Marcos.
Imagine que ontem, quando fui buscar o meu filho, à saída da escola, encontrei-o com um olho roxo. Fui à secretaria me informar sobre o ocorrido, a diretora falou-me:
– Na hora do intervalo, um coleguinha do Marcos perguntou-lhe o motivo de ele se esquivar dos pais e, entrar apressadamente na escola... Ele respondeu-lhe que não era criança, que os seus pais eram “um saco!...”
O garoto respondeu ao seu filho: – Bem que eu queria os dois sacos que você joga fora todo dia! Queria ser abraçado, beijado; não andar tantos quarteirões, pra chegar à escola; você não merece os pais que tem!
Ouvi em silêncio o desabafo daquele senhor... Enfim, falei: amanhã é um novo dia, espero que o garoto esteja no mesmo lugar...
EstherRogessi, Membro Correspondente ALTO, Recife-PE,
Crônica: A essência da vida, 03/10/2012, pag.01
¹(... Não remova os marcos antigos...) Pv23:10. Hermeneuticamente falando trata-se, de não remover os limites de terras antigos, nem invalidar o campo dos órfãos.
O pé de cajá está firmado nelas - nas raízes -, no tempo determinado morrerá, em pé.
A preservação das nossas raízes – a ética, e a moral –; o respeito concernente ao alheio evidencia a essência da vida, vital para um mundo melhor – o amor.
Dele surge a multiplicidade de sentires – raízes fluentes de uma maior.
A ruptura desses marcos antigos¹, ou raízes, evidenciados, através da “educação” moderna, constrange-me.
A abertura demasiada que os jovens vivem nos dias atuais, tende a degenerar-lhes o caráter.
A moderação traz o equilíbrio em todas as áreas de nossas vidas. Fui partícipe de um diálogo há pouco tempo, com um senhor desconhecido, até então, mas que estava sedento por um desabafo; estávamos em um consultório médico – na sala de espera – quando, aquele pai iniciou a conversa:
– Comumente, levo o meu filho, Marcos, ainda adolescente, à escola; moramos distante, temos que usar o nosso carro; continuamente escuto as suas murmurações – finjo não entender o óbvio – tentando convencer-me a deixá-lo seguir, precocemente, só.
Pensa estar crescido, não quer ser visto pelos colegas em minha companhia, ou em companhia da mãe; não permite abraços diz não querer “pagar mico,” devemos isso à modernidade, não é mesmo? Isso me entristece... Porém, algo tem mexido comigo: observo sempre um jovem, mais ou menos, da idade do meu filho, que todos os dias, sentado na murada perto do portão de entrada da escola, quieto e solitário, nos olha de um jeito... Se o olhar insistente do garoto me chama a atenção, mais ainda, é o fato de ele entrar, logo após o Marcos.
Imagine que ontem, quando fui buscar o meu filho, à saída da escola, encontrei-o com um olho roxo. Fui à secretaria me informar sobre o ocorrido, a diretora falou-me:
– Na hora do intervalo, um coleguinha do Marcos perguntou-lhe o motivo de ele se esquivar dos pais e, entrar apressadamente na escola... Ele respondeu-lhe que não era criança, que os seus pais eram “um saco!...”
O garoto respondeu ao seu filho: – Bem que eu queria os dois sacos que você joga fora todo dia! Queria ser abraçado, beijado; não andar tantos quarteirões, pra chegar à escola; você não merece os pais que tem!
Ouvi em silêncio o desabafo daquele senhor... Enfim, falei: amanhã é um novo dia, espero que o garoto esteja no mesmo lugar...
EstherRogessi, Membro Correspondente ALTO, Recife-PE,
Crônica: A essência da vida, 03/10/2012, pag.01
¹(... Não remova os marcos antigos...) Pv23:10. Hermeneuticamente falando trata-se, de não remover os limites de terras antigos, nem invalidar o campo dos órfãos.