Curitiba, 2 de Novembro de 2011

Não sei ainda o porque de eu ficar inundada com algumas coisas que mexem com a minha emoção. Talvez não seja muito saudável, mas aproveito cada momento e gosto de explorar esses sentimentos. Hoje fui numa exposição sobre o Titanic. Talvez por causa da fascinação pela história do navio herdada pelo meu pai, essa exposição acabou mexendo muito comigo. Chegando lá, descobri que não podia tirar fotos, infelizmente. Mas a exposição foi fantástica. Inúmeros objetos originais que estavam no navio, retirados do fundo do oceano, restaurados e mantidos em temperatura e umidade suficientes para preservação. Muitos deles eram partes do navio e outros eram pertences das pessoas que estavam a bordo. Coincidentemente ou não, hoje é dia dos mortos. Isso agravou ainda mais o sentimento, que não consigo nem descrever, quando eu lia as histórias das pessoas. Cartas, fotos, pertences, histórias e famílias perdidas no horrendo naufrágio de um navio tão grandioso que enchia os olhos até dos passageiros da primeira classe. Com uma beleza fantástica, o Titanic carregava em seu interior vidas cheias de esperança, e um futuro que ninguém jamais imaginou. A maioria das pessoas que nele encontraram seu fim não eram para ter estado ali. Elas tiveram suas passagens trocadas por causa de uma greve de mineiros que ocorria na mesma época impedindo que outros navios tivessem carvão suficientes para viajar, ao contrário do Titanic, que possuía mais de 80% da quantidade de carvão que era capaz de carregar, suficiente para ir da Inglaterra até Nova York. E assim seguiu viagem. A primeira e única viagem que ele faria. Mas são tantas histórias, tanta vida interrompida, que chega a ser impressionante. No filme “Titanic”, de James Cameron, há um véu que tampa um pouco da história do navio, fazendo com que as pessoas prestem mais atenção na história de dois jovens amantes. É um filme excelente, perfeita reconstituição do navio e da história, baseada mesmo no que realmente aconteceu. Mas de todas as vezes que eu assisti ao filme, nenhuma delas me chocou tanto quanto ver tudo o que eu vi hoje de perto. É muito triste ver quantas vidas se foram, quantas pessoas perderam seus amigos e parentes, quantos corpos que nunca foram encontrados, tantos nomes escritos num mural, das pessoas que se foram naquela noite gelada. Incrível ver/entender o quanto somos vulneráveis, saber que nunca estamos protegidos de nada, não importa onde estejamos sempre estaremos expostos a qualquer coisa que possa nos machucar. Naquela época, o Titanic, sendo uma construção tão poderosa, acreditava-se que nada seria capaz de afundá-lo. Talvez seja por isso, a força do destino, ou a hora daquelas pessoas, ou uma coincidência, quem vai saber?, querendo mostrar ao ser humano o quanto ele é pequeno. E não seria um navio de quase 280 metros de comprimento e quase 30 de altura que seria maior do que um iceberg no meio do oceano.

Mas o que eu quero com esse texto é compartilhar, expressar um pouco desse sentimento de tristeza, ao entender/imaginar o desespero infinito desses passageiros momentos antes do naufrágio, do fim de cada um; e da dor que os sobreviventes tiveram que conviver com ela dentro do peito a cada dia de suas vidas. Que os deuses olhem por todos eles, agora todos já se foram, e dêem esperança e força no espírito de cada um. Que os deuses permitam que o sofrimento dessas almas que morreram em agonia seja curado, com o amor e a solidariedade de pessoas como eu que, compartilhando da tristeza deles, é com carinho que mando meus pensamentos e sentimentos de paz a todos eles.

Fernanda Capuruço Leonel
Enviado por Fernanda Capuruço Leonel em 04/10/2012
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