CARTÃO POSTAL

No início da madrugada de 04 de outubro de 2012

Não veio o cartão postal que desejei receber (sou uma pessoa antiga, daquelas que ainda adoram receber cartas, com selo e tudo o mais). Se o cartão postal foi enviado extraviou-se, teria se extraviado de qualquer modo, mesmo sem greve do correio. Parece o pássaro que – segundo um poema do Fernando Pessoa – parou de contar só por ele, Fernando Pessoa, tê-lo ouvido, o referido pássaro, a cantar. O pássaro parou de cantar porque quis, não parou para entristecer ainda mais o já tão triste e solitário poeta.

Algo semelhante ocorre quando perguntamos a uma criança porque ela gosta de um determinado doce (poderia servir sobre qualquer outro gosto) e a criança responde: Porque sim.

É assim, é simples assim. O cartão postal não veio porque não veio. Simplesmente porque não.

Na noite de 03 de outubro de 2012.