A MENTIRA E A VERDADE.
A igreja remodelou a fisionomia da civilização. Não é afirmação religiosa, mas histórico-institucional.
O substancial nela foi o concílio de Nicéia, o dogma definido por Santo Atanásio. “Não é Cristo o homem feito Deus, mas o Deus feito Homem”. Ele está no centro dessa civilização influenciada, manifesta a sensibilidade de Pedro Calmon, cérebro brasileiro da cultura jurídica em seu “Curso de Teoria Geral do Estado”.
O Cristo-histórico é uma verdade singular como pessoa, homem. Nada há igual, desnecessárias comparações. É marco perenizado.
Essa verdade decorre de princípios morais, éticos. Uma verdade de conduta máxima para os guias dos povos, das nações, por seus dignitários e auxiliares. Transpõe o umbral das eras pelo exemplo depois Dele.
A boa Igreja em sua temporalidade foi também má, como os governos na história da humanidade. Ainda é má a igreja por homens que a integram, como os hediondos pedófilos. As instituições são feitas por homens e suas fragilidades.
A verdade na forma mais simples, como conceito de moral, é a que está longe de todas as mentiras, mancha execrável da humanidade.
Santo Agostinho ensinava: “A VERDADE É O QUE É, INDEPENDENTE DE QUAISQUER SUBJETIVISMOS, PORQUE ANTES DE O HOMEM PENSAR ESTÃO POSTAS AS COISAS DIANTE DELE, NÃO COMO ELE AS QUER, MAS COMO ELAS SÃO”.
Chegar à verdade sem estigmas ou nódoas é antes admitir o erro para que possa haver arrependimento eficaz, sem o que a paz ficará distante.
A verdade nos desliga do áspero caminho que dilacera princípios peregrinos, espaço escuro e sem promessas, trânsito tormentoso onde se pena de dor e se esvazia a esperança por se estruturar na mentira.
Não há humildade na mentira, nem despojamento de vaidades, acesos estão o orgulho e a pretensão em serem mais e estarem a frente de todos.
A soberba e o orgulho da pretensão em serem depositários da verdade se escondem na mentira.
A pretensão em estar acima das regras que presidem a ética e os sentimentos povoa tais condutas.
Acorrem nessas pegadas, também, o afastamento dos padrões impositivos da humildade. Se baseiam tais pessoas, artífices da mentira, em que somente suas práticas e posturas são as admissíveis, corretas. Não têm padrão referencial básico.
Seriam elas a regra ou a exceção? Só eles e suas consciências podem responder.
Parece, quero estar fiado e crente no que afirmo, que a mentira opiniosa, encastelada na soberba, uma das maiores que já vimos, está com seus momentos contados.