Soletrando

Ontem, no meio de uma barulheira no aeroporto, ouvi uma pessoa soletrando ao celular, o que sempre achei muito difícil fazer. A de abacaxi, B de bola, I de idiota... em vez de me ajudar, confunde. Talvez porque ao ouvir tantas palavras sem nexo me tire a concentração, o que pode acontecer a outras pessoas também. Lembrei-me, então, de um caso verídico em que um rapaz foi barrado à porta de uma festa porque seu nome não constava da lista de convidados. Ele se chamava Edmauro da Silva e o porteiro dizia que na letra E só havia um tal de Edernesto de Dado Mauro da Silva. Foi então que ele se lembrou de quando confirmou sua presença por telefone e não havia meios da moça entender que ele não se chamava apenas Mauro. Foi preciso soletrar e ele começou: E de Ernesto, D de dado...

A partir daquele dia o apelido pegou, os amigos passaram a chamá-lo somente de Edernesto.