Pés fora do chão
O mundo é um enigma e a nossa forma de percebê-lo pode ser um estigma por ser limitada aos nossos conceitos e capacidades insuficientes. Talvez o que saibamos esteja apenas proporcionalmente dentro dessa capacidade. Que a crença cega seja a alternativa mais justa de não ficar à margem do inexplicável e nivelar as pessoas pelo sentimento da necessidade de explicações sobre a nossa existência tal como é. Apesar da curiosidade sobre os fenômenos que escapam à fácil compreensão confesso meu respeito, traduzido em medo, pelas manifestações neo-esotéricas praticadas por muita gente ou outras, cujos indícios pressupõem serem pontas de iceberg. O árido mundo da sobrevivência e da futilidade não suporta um mero exercício de imaginação sem que não se sinta ameaçado em suas convicções por idéias metafísicas mais primitivas tal a grandiosidade do imponderável que constitui sua base. Ao contrário do que possa parecer, a realidade do dia a dia parece mais uma fuga, onde nos refugiamos para nos distanciar das reflexões sobre a nossa razão de ser-estar. Aos que se sentem como eu, dividido entre o ceticismo ensinado e a sensibilidade o remédio pode ser o comedimento das práticas com o exercício da imaginação, ambos, se possível, respaldados no que houver de bom senso.