Flanar
Flanar
Faz meses que não ganho uma palavra do dia pra jogá-la na mente e ela sair diluindo meus pensamentos...
Hoje, lendo a crônica da Martha, colhi uma palavra como quem colhe uma flor, FLANAR...
O que seria exatamente isso em nós, e na prática? Nada de explicações, pois já faço isso
Em meu dia a dia de professora, e penso que existem coisas insustentáveis, inquietas a quem não devemos explicações, mas simplesmente deixar essas coisas flanar em nós, ou nos levar a flanar por longos caminhos do pensamento.
É simples, gostoso e fácil. O prazer que deveria ser mais constante, pois basta imaginar,
Curtir-se a deriva de um domingo, de uma mesa cheia de guloseimas, de um livro jogado na cama, de um beijo saudoso...Flanar em si mesmo é deixar a liberdade dos pensamentos vagabundearem dentro de nós inofensivamente.
Senti falta disso, pois parece que em alguns momentos pensamos, sentimos e falamos demais sem os parênteses da leveza e passeios do desejo. Mesmo que num breve momento só, podemos levar alguém a flanar conosco. Por que não?
Mas quem disse que um passeio gostoso tem que ter companhia? Podemos simplesmente nos levar em nossa solitude perfumada a transitar sem compromisso por alguns cantos e canções.
Eu já fiz muito isso, e espero que todas as mulheres maiores de 30 anos também. Já experimentaram o prazer de estarem acompanhadas e o silêncio interior de comprar algo, ou saborear um prato novo sozinha. Eis que então, depois dos 40, você aprende a grandeza dos dois...
Vislumbra ao longe alguém que pode lhe acompanhar a flanar por ai, e diz: VEM!
COMIGO...
E passa a desejar um novo olhar sobre aqueles momentos que outrora foram de uma só pessoa, aquelas escolhas que foram de uma só pessoa, aquela caminhada, o passeio de pedalinho, bicicleta, o sorvete que te lambuza, o chopp, a dúvida da roupa, e parada na porta de uma vitrine de uma só pessoa, porque haviam duas dentro dela, e em minha simpática solidão eu poderia chamar de NÓS, como disse a cronista, mas olha, vou dizer a você, que Flanar é muito melhor quando se tem o diferencial da outra pessoa não ser exatamente eu, mas você comigo.
Simples assim, flanando juntas por idéias, pensamentos, ruas, roupas, perfumes, sons, palcos e telas, mares e calçadas, mas que seja sempre como um passeio de risos sonoros, pra que possamos durante tempos a fia não desejarmos o vôo de uma só.
Ainda prefiro que depois da chuva do fim de tarde, eu possa ver pessoas pisando em poças sem medo de se molharem.
Permita-se sair por dentro de você, sozinha e acompanhada, para enfim sair para o mundo.
Mônica Ribeiro
30/09/12