DIÁRIO DE UMA VIAGEM COM O POETA ANTONIO FRANCISCO – PARTE FINAL
Cheguei à Biblioteca Epifânio Dória, precisamente, às 08h00min. Lá dentro, uma apresentação do poeta João Batista de Melo, cordelista sergipano, morador há trinta anos da Cidade Maravilhosa, e lá – através de seus cordéis (recitados e vendidos nas feiras), criou e formou seus filhos. Oitenta e quatro anos bem vividos. Já foi elogiado pela ONU por seu cordel “A Falta D’água no Mundo”. Além disso, livros de sua autoria foram parar na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington, comprados no Largo da Carioca por uma diplomata, conselheira do Consulado Americano. Um deles - “Dalcídio Jurandir romancista da Amazônia” - faz sucesso nas universidades, e outro - “A moça barrada no céu porque tinha tatuagem” - vende como pão quente nas feiras. E, para completar, o maior marqueteiro que já vi na minha vida! O homem sabe vender a sua imagem e, com isso, o seu cordel.
Depois dele, a palestra “A História do Cordel”, da professora doutora Vilma Mota Quintela – pesquisadora da Literatura de Cordel –, tendo como mediadora a professora doutora Giovana Scarelli, membro do PROLER/UNIT. Inclusive, a professora sofreu resistência de dentro da própria universidade porque a sua tese versava, justamente,sobre a literatura de cordel – um estudo aprofundado, pioneiro no seu estado.
Fiquei refletindo sobre a minha responsabilidade. Seria o próximo palestrante do dia. Ao ser anunciada “A Literatura de Cordel na Sala de Aula”, tendo como mediadora a poeta e pedagoga Izabel Nascimento (uma professora com um conhecimento amplo sobre o Cordel e uma excelente cordelista, com versos publicados da melhor qualidade), eu comecei falando sobre o que estamos fazendo, em sala de aula, em termos de literatura de cordel. Citei os exemplos dados, através de projetos, dos professores Aldaci de França (cordelista, repentista e poeta), Neuman Miranda (diretora da EE Antonio Francisco de Medeiros), Irenice Silva Duarte (EE Fco, Antº de Medeiros), Jean Carlos (EE Santo Antonio) e José Geneci (professor de Física) que, através do cordel, ensinam e vão repassando, para os mais novos, a cultura popular da poesia metrificada.
Além dessas contribuições, eu levei a experiência da coordenadora pedagógica da 12ª DIRED, professora Maria Elma Cunha, cujo trabalho é voltado para as séries iniciais, inserindo a Literatura de Cordel, através da recitação – ao mesmo tempo em que as crianças vão desenhando, a partir do seu imaginário, o que elas compreendem daquilo que está sendo recitado.
Na fala, eu procurei mostrar, aos professores, a necessidade de se trazer para o presente essa cultura, motivando-os a aprenderem para depois repassarem para os seus alunos.
“A cultura do cordel está, de certa forma, preservada. A oralidade, transformada em escrita, está enraizada no homem do campo, nos apaixonados por essa cultura e nos pesquisadores, de forma geral. Porém, não precisamos de uma cultura que esteja apenas eternizada e, principalmente, no passado. Precisamos de uma cultura que seja conhecida também no presente – e não só por aqueles que labutam nela ou vivem dela. Precisamos mostrá-la para as novas gerações, ou seja, os jovens que não a conhecem e, portanto, em não a conhecendo, eles a deixarão guardada no passado, apenas se valendo dela, em caso de pesquisa. Mas, para que isso aconteça – tornando-a presente nas salas de aula –, o professor deve, primeiro, conhecê-la para que, através de projetos motivadores, possa ter condições de repassá-la, como se deve, para os seus pupilos”, disse.
No final de 80 minutos, eu chamei o poeta Antonio Francisco para encerrar, com um dos seus cordéis, a minha palestra. Como sempre, um banho de criatividade, simpatia e carisma. O poeta recitou os versos em que Lampião, ganhando um concurso lá para onde ele foi quando se mudou deste mundo velho de Deus, resolve voltar a Mossoró para se vingar da carreira que ele levou quando tentou invadir a cidade. A plateia se esbaldou de tanto rir.
Missão cumprida. Saímos, eu e o poeta, de Aracaju com a sensação de que plantamos uma sementezinha de amizade, respeito e troca de valores culturais, além, claro, do que deixamos de conhecimento e trouxemos, também, de lá.
De minha parte, só tenho a agradecer à professora Sônia Carvalho – diretora da Biblioteca Pública de Aracaju – o convite e dizer que voltei com a certeza de ter feito um bom trabalho, deixado uma semente de encantamento nos professores e a esperança de que esta semente dê frutos brevemente. Vários foram os elogios e agradecimentos, após a minha palestra. Professoras, alunos e pesquisadores vieram me cumprimentar e até me fazer convites para proferir palestras em suas cidades. Esta é a melhor forma de pagamento que um educador pode ter: o reconhecimento em sua profissão.
Ao poeta Antonio Francisco, o meu respeito. Viagem ao lado dele é mais que prazerosa...
Obs.: Esta crônica contém trechos do meu artigo já publicado no blog da 12ª DIRED, com o título “PROFESSOR REPRESENTA A 12ª DIRED NO ENCONTRO DO PROLER EM ARACAJU/SE” e do blog TAQUI PRA TI, sobre o poeta João Batista de Melo.
Cheguei à Biblioteca Epifânio Dória, precisamente, às 08h00min. Lá dentro, uma apresentação do poeta João Batista de Melo, cordelista sergipano, morador há trinta anos da Cidade Maravilhosa, e lá – através de seus cordéis (recitados e vendidos nas feiras), criou e formou seus filhos. Oitenta e quatro anos bem vividos. Já foi elogiado pela ONU por seu cordel “A Falta D’água no Mundo”. Além disso, livros de sua autoria foram parar na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington, comprados no Largo da Carioca por uma diplomata, conselheira do Consulado Americano. Um deles - “Dalcídio Jurandir romancista da Amazônia” - faz sucesso nas universidades, e outro - “A moça barrada no céu porque tinha tatuagem” - vende como pão quente nas feiras. E, para completar, o maior marqueteiro que já vi na minha vida! O homem sabe vender a sua imagem e, com isso, o seu cordel.
Depois dele, a palestra “A História do Cordel”, da professora doutora Vilma Mota Quintela – pesquisadora da Literatura de Cordel –, tendo como mediadora a professora doutora Giovana Scarelli, membro do PROLER/UNIT. Inclusive, a professora sofreu resistência de dentro da própria universidade porque a sua tese versava, justamente,sobre a literatura de cordel – um estudo aprofundado, pioneiro no seu estado.
Fiquei refletindo sobre a minha responsabilidade. Seria o próximo palestrante do dia. Ao ser anunciada “A Literatura de Cordel na Sala de Aula”, tendo como mediadora a poeta e pedagoga Izabel Nascimento (uma professora com um conhecimento amplo sobre o Cordel e uma excelente cordelista, com versos publicados da melhor qualidade), eu comecei falando sobre o que estamos fazendo, em sala de aula, em termos de literatura de cordel. Citei os exemplos dados, através de projetos, dos professores Aldaci de França (cordelista, repentista e poeta), Neuman Miranda (diretora da EE Antonio Francisco de Medeiros), Irenice Silva Duarte (EE Fco, Antº de Medeiros), Jean Carlos (EE Santo Antonio) e José Geneci (professor de Física) que, através do cordel, ensinam e vão repassando, para os mais novos, a cultura popular da poesia metrificada.
Além dessas contribuições, eu levei a experiência da coordenadora pedagógica da 12ª DIRED, professora Maria Elma Cunha, cujo trabalho é voltado para as séries iniciais, inserindo a Literatura de Cordel, através da recitação – ao mesmo tempo em que as crianças vão desenhando, a partir do seu imaginário, o que elas compreendem daquilo que está sendo recitado.
Na fala, eu procurei mostrar, aos professores, a necessidade de se trazer para o presente essa cultura, motivando-os a aprenderem para depois repassarem para os seus alunos.
“A cultura do cordel está, de certa forma, preservada. A oralidade, transformada em escrita, está enraizada no homem do campo, nos apaixonados por essa cultura e nos pesquisadores, de forma geral. Porém, não precisamos de uma cultura que esteja apenas eternizada e, principalmente, no passado. Precisamos de uma cultura que seja conhecida também no presente – e não só por aqueles que labutam nela ou vivem dela. Precisamos mostrá-la para as novas gerações, ou seja, os jovens que não a conhecem e, portanto, em não a conhecendo, eles a deixarão guardada no passado, apenas se valendo dela, em caso de pesquisa. Mas, para que isso aconteça – tornando-a presente nas salas de aula –, o professor deve, primeiro, conhecê-la para que, através de projetos motivadores, possa ter condições de repassá-la, como se deve, para os seus pupilos”, disse.
No final de 80 minutos, eu chamei o poeta Antonio Francisco para encerrar, com um dos seus cordéis, a minha palestra. Como sempre, um banho de criatividade, simpatia e carisma. O poeta recitou os versos em que Lampião, ganhando um concurso lá para onde ele foi quando se mudou deste mundo velho de Deus, resolve voltar a Mossoró para se vingar da carreira que ele levou quando tentou invadir a cidade. A plateia se esbaldou de tanto rir.
Missão cumprida. Saímos, eu e o poeta, de Aracaju com a sensação de que plantamos uma sementezinha de amizade, respeito e troca de valores culturais, além, claro, do que deixamos de conhecimento e trouxemos, também, de lá.
De minha parte, só tenho a agradecer à professora Sônia Carvalho – diretora da Biblioteca Pública de Aracaju – o convite e dizer que voltei com a certeza de ter feito um bom trabalho, deixado uma semente de encantamento nos professores e a esperança de que esta semente dê frutos brevemente. Vários foram os elogios e agradecimentos, após a minha palestra. Professoras, alunos e pesquisadores vieram me cumprimentar e até me fazer convites para proferir palestras em suas cidades. Esta é a melhor forma de pagamento que um educador pode ter: o reconhecimento em sua profissão.
Ao poeta Antonio Francisco, o meu respeito. Viagem ao lado dele é mais que prazerosa...
Obs.: Esta crônica contém trechos do meu artigo já publicado no blog da 12ª DIRED, com o título “PROFESSOR REPRESENTA A 12ª DIRED NO ENCONTRO DO PROLER EM ARACAJU/SE” e do blog TAQUI PRA TI, sobre o poeta João Batista de Melo.