Somos quem podemos ser?
Imagemdaweb
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
(...)
Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Humberto Gessinger / Paulinho Galvão
Sempre que ouço ou relembro essa música penso mesmo se Somos quem podemos ser... A letra afirma mas eu pergunto: Somos quem podemos ser? Queremos ser o que somos? Somos quem queremos ser? Pode parecer confuso, mas pensei nisso quando vi um rapaz, na verdade um garoto ainda, “quebrando todas” como se diz de quem rebola muito enquanto dança, na frente de um palco, no lugar que chamam de gargarejo.
Estava com um grupo de amigos em um show e me chamou a atenção, não o garotão que rebolava sem parar, mas as duas mulheres que o puxavam pela mão e queriam tirá-lo dali a qualquer custo. Como conhecia uma delas me aproximei, querendo saber qual o motivo de querer arrastá-lo dali, pois era óbvio que ele não queria ir.Visivelmente envergonhada, a minha conhecida relatou que era seu sobrinho e alegou que o garoto estava “se exibindo demais”.
Rebati imediatamente, dizendo não haver nada demais com a dança dele, que não estava incomodando ninguém e que, por favor, o deixassem dançar sossegado, que ele tinha o direito de ser feliz, de ser quem era. O garoto me olhou como quem olha no altar uma santa de sua devoção...Me abraçou efusivo e me disse, empolgado “Maravilhosa”! Segurou minhas mãos e, como uma criança, dançou comigo, rodopiando, rindo de satisfação.
Meu coração doeu olhando aquela alegria tão cheia de desamparo. Óbvio que seu jeito afetado de ser envergonhava sua tia, que me deixou com ele e saiu.Certamente que ele sofria, que todos sofriam.Lutar diuturnamente para ser o que é deve ser dureza, pensei e me vi solidariamente acolhendo aquele garoto que poderia ser meu irmão, meu sobrinho, meu filho, um dos meus alunos.
Voltei para perto de meu grupo de amigos e, ao longo da festa, vez ou outra o rapazinho procurava meu olhar e riamos, um para o outro. Quem sabe, pela primeira vez na vida sentia o gosto, o sentimento bom que é ser aceito, ser compreendido na sua inteireza e diversidade.
Enquanto isso eu me arrependia da intromissão, procurava também com o olhar a minha conhecida para pedir desculpas mas me dizia que sempre vou querer ser o que posso e o que quero ser e que lutaria sempre para que todos e todas, em qualquer tempo ou lugar também tivessem esse querer respeitado, esse direito humano de ser e existir segundo sua natureza.
Ouçam a bela voz de Humberto Gessinger cantando Somos quem podemos ser
http://www.youtube.com/watch?v=sWLIzXwNKFM
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Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
(...)
Nós
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Humberto Gessinger / Paulinho Galvão
Sempre que ouço ou relembro essa música penso mesmo se Somos quem podemos ser... A letra afirma mas eu pergunto: Somos quem podemos ser? Queremos ser o que somos? Somos quem queremos ser? Pode parecer confuso, mas pensei nisso quando vi um rapaz, na verdade um garoto ainda, “quebrando todas” como se diz de quem rebola muito enquanto dança, na frente de um palco, no lugar que chamam de gargarejo.
Estava com um grupo de amigos em um show e me chamou a atenção, não o garotão que rebolava sem parar, mas as duas mulheres que o puxavam pela mão e queriam tirá-lo dali a qualquer custo. Como conhecia uma delas me aproximei, querendo saber qual o motivo de querer arrastá-lo dali, pois era óbvio que ele não queria ir.Visivelmente envergonhada, a minha conhecida relatou que era seu sobrinho e alegou que o garoto estava “se exibindo demais”.
Rebati imediatamente, dizendo não haver nada demais com a dança dele, que não estava incomodando ninguém e que, por favor, o deixassem dançar sossegado, que ele tinha o direito de ser feliz, de ser quem era. O garoto me olhou como quem olha no altar uma santa de sua devoção...Me abraçou efusivo e me disse, empolgado “Maravilhosa”! Segurou minhas mãos e, como uma criança, dançou comigo, rodopiando, rindo de satisfação.
Meu coração doeu olhando aquela alegria tão cheia de desamparo. Óbvio que seu jeito afetado de ser envergonhava sua tia, que me deixou com ele e saiu.Certamente que ele sofria, que todos sofriam.Lutar diuturnamente para ser o que é deve ser dureza, pensei e me vi solidariamente acolhendo aquele garoto que poderia ser meu irmão, meu sobrinho, meu filho, um dos meus alunos.
Voltei para perto de meu grupo de amigos e, ao longo da festa, vez ou outra o rapazinho procurava meu olhar e riamos, um para o outro. Quem sabe, pela primeira vez na vida sentia o gosto, o sentimento bom que é ser aceito, ser compreendido na sua inteireza e diversidade.
Enquanto isso eu me arrependia da intromissão, procurava também com o olhar a minha conhecida para pedir desculpas mas me dizia que sempre vou querer ser o que posso e o que quero ser e que lutaria sempre para que todos e todas, em qualquer tempo ou lugar também tivessem esse querer respeitado, esse direito humano de ser e existir segundo sua natureza.
Ouçam a bela voz de Humberto Gessinger cantando Somos quem podemos ser
http://www.youtube.com/watch?v=sWLIzXwNKFM