'OPERAÇÃO CRACOLÂNDIA NÃO FOI UM FRACASSO E DEVE CONTINUAR!

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A retirada de usuários de crack para tratamento médico em SP, da chamada região da cracolândia, não foi um fracasso total; apenas não alcançou de imediato os resultados que esperavam as autoridades, mas deve continuar até a vitória, com o total tratamento de todos os viciados em drogas. Eles não criminosos. Apenas vítimas dos criminosos, traficantes e distribuidores de drogas. Mas não será fácil tratá-los; porém, ainda é possível!

A “operação cracolândia” de combate à dependência química não foi de todo um fracasso, como a imprensa está divulgando. Ela deve continuar, embora a maioria não tenha sido encaminhada à reabilitação e voltaram para a rua. Devido à enorme dificuldade de tratamento, isso não significa que as áreas sociais do Município de São Paulo devam desistir de seu objetivo.

É verdade que as ruas do centro de São Paulo novamente voltaram a abrigar usuários de drogas, mas isso não significa que trabalho fracassou na operação para acabar com a cracolândia. O combate à dependência química é difícil, exige etapas, determinação e continuidade. Só para o vício é rápido, imediato e destruidor!

Segundo a medicina, ainda não existe um tratamento único e ideal para combater os efeitos do crack no organismo. Medicamentos e terapias ainda precisam de mais evidências científicas porque o que existe registrado clinicamente é que só um terço dos doentes do vício “se cura”, mas ainda existe um vácuo terapêutico nebuloso quando se fala de dependência química.

O próprio conceito de um tratamento eficaz ainda está sendo motivo de debates porque os dependentes químicos considerados curados ainda usam drogas eventualmente, mas conseguem ter uma vida familiar, profissional e social adequada. Outros alcançaram apenas a abstinência, mas não trabalham, não saem de casa e é colocado em xeque essa cura por muitos psiquiatras.

Desde janeiro 2009, quando começou a operação policial na região da cracolândia, 80 dependentes foram internados. Em julho de 2009 mais 3 mil dependentes foram internados, mas só 35% conseguiram concluir seus tratamentos, percentual igual aos viciados em crack existentes no mundo.

Desse total de “curados”, 60% recaíram. Essas recaídas não significam que o trabalho deve ser abandonado, esquecido, pelos setores sociais do Município de São Paulo.

De acordo com especialistas, ainda não existe a palavra “cura” para o vício do crak, mas os pesquisadores estão trabalhando para conseguir isso. A palavra mais usada entre os especialistas é simplesmente a “abstinência estável” (in “O tratamento do usuário do crack, psiquiatra Marcelo Ribeiro).

No tratamento do dependente químico etapas devem ser seguidas, como a identificação clínica do paciente, partindo para a desintoxicação, depois testes de monitoramento, intervenções psicossociais e manutenção. Mas não existem medicamentos aprovados especificamente para combater a dependência de cocaína ou crack. O que existem são várias drogas usadas para aprimorar o funcionamento cognitivo e emocional do paciente e evitar recaídas, segundo a literatura médica.

Devido a isso, não considero que o trabalho social de combate ao crack, realizado na cracolândia, em São Paulo, tenha sido um fracasso total porque ele é lento, demorado e contínuo. Só os efeitos da droga são rápidos e avassaladores, transformando os dependentes em trapos humanos que ainda andam e perambulam pelas ruas.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 30/09/2012
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