O garotinho João Hélio

O GAROTINHO JOÃO HÉLIO

O garotinho João Hélio, de apenas 6 aninhos, foi cruelmente trucidado por bandidos violentos nas ruas do Rio de Janeiro, que o arrastaram por cerca de 7 quilometros, “clicando” seu corpinho ensangüentado até quando o veículo com os assassinos parou numa rua sem saída. Foi uma violência tão cruel que a comoção tomou conta do País. Um anjinho se foi, uma criança linda, feliz, sorridente, que trazia encantos para quem com ela tiveram convívio. Todos choraram sua morte, seus pais, família, pessoas anônimas, crianças, professores, coleguinhas de classe, que não mais terão sua doce companhia.

Vítima de uma crueldade sem tamanho, foi morto por bandidos perversos, incluindo um menor com 17 anos, não permitindo que sua mãe tivesse uns segundos à mais para tira-lo do cinto de segurança e assim, salvar o pequeno garoto. Que perversidade revoltante.

Transeuntes, motoristas, todos que viram a cena, gritavam para que parassem. Para eles, parecia até um divertimento, porque diziam que era um “boneco de Judas”e sabiam então a maldade que praticaram. Agora, diante de uma monstruosidade dessas, muitos se movimentam. Políticos principalmente, que deveriam rever as leis e torna-las mais pesadas para que adolescentes e jovens não mais cometessem essas barbaridades, pois sabem que aos 18 anos estarão livres. Deputados e Senadores pregam soluções, como a redução da maioridade penal para 16 anos, mas que no Brasil não resolveria, pelo nosso sistema prisional.. Países mais avançados, como Estados Unidos, Inglaterra e outros, já punem seus infratores menores com penas bem severas, o que não acontece aqui. São também parceiros dos adultos e assumem a “bronca”dos maiores quando estes assaltam e matam, em troca de favores, ou sob ameaças, e assim, os verdadeiros assassinos acima de 18 anos ficam livres de serem presos. A sociedade tem no entanto, sua parcela de culpa, pela discriminação aos mais pobres e a enorme desigualdade social que vivemos. Não conhecem a periferia, desconhecem o habitat das crianças e adolescentes carentes, tem repugnância pelos mais pobres, que moram em míseros barracos, em favelas sem nenhum saneamento básico. Já sofrem violências ainda pequenas, às vezes dos próprios pais, não tem lazer, passam fome, frio, vão na Escola às vezes para matar a fome, não para estudar. Seus neurônios já são comprometidos, não vão ter inteligência para aprenderem a ler e escrever, nada se pode esperar deles. Abandonam os estudos muito jovens, analfabetos, desempregados, e a solução é o crime, atraente e sedutor, uma forma perversa de ter a auto-estima aumentada.

Não tendo o que fazer e sem preparo para ingressarem no mercado de trabalho, vão então roubar, caem no vício das drogas e da prostituição, e depois se tornam assassinos cruéis, acumulando ódios em sua maneira de ser e agir, como também morrem prematuramente.

O que fazer para reverter essa situação? Ações concretas, nunca a omissão surda e cega. Responsabilidade social, com autoridades e a sociedade toda engajada é que poderia reverter essa triste situação dantesca que nos envergonha. Um mutirão de solidariedade e cidadania, tirando as crianças e adolescentes das ruas, dando-lhes estudos já bem cedo. Projetos sociais revigorantes e prática de esportes de todos os gêneros, cursos de danças, capoeira, teatro, música e também lazer, para que possam conhecer um mundo diferente, sem barreiras, bem mais atraente da triste realidade em que vivem. Depois, cursos profissionalizantes para que possam ingressar no mercado de trabalho e assim ganharem seu próprio sustento, aumentar sua auto-estima, exercerem a cidadania em toda sua plenitude. É uma tarefa árdua, os que tem sensibilidade, disponibilidade e amor ao próximo são poucos. Esse quadro tem que ser revertido com urgência, antes que seja tarde demais.

Jairo Valio- Acadêmico pela Academia Sorocabana de Letras- Email-jvalio@hotmail.com