TERRA, RAIZES, A ÁGUA,PARREIRA,GOIABEIRA, 
       AMOREIRA, BAMBÚ E A ACEROLA
                              E O SOL

 
 
 
Li um texto de HSerpa (A SOLIDÃO VIRTUAL), e me deixei invadir como terra seca que é regada. Levantei-me, e enquanto aquela água me invadia, antes que eu me desse conta da invasão de suas palavras, ideias e acertos dos quais não concordei de todo, era mais um resumo da vida de qualquer um de nós.
É um texto do qual é preciso se defender, quando se é um incauto como eu ao despertar. Trata do quanto isolados vamos ficando enquanto vamos vivendo. Profundo demais
A princípio, não me defendi, até mergulhei mais na preguiça em ter que tomar café sem pão. Mas aquela realidade condensada do texto não parava de agir interferindo no não pensar de quando começamos o dia, incomodando a minha pretensa paz.
Lá fora o dia era de sol e minhas plantas estavam sem meus cuidados já há uns três dias. A culpa e o carinho por elas me levaram a abrir as portas da varanda e fazer outra coisa que pensar. Levei uma faca de cozinha e fui cavando a terra da arvorezinha dos tintins, cujas folhas, tão luzidias normalmente, foram tomadas de uma espécie de praga de pequenas pintinhas volumosas que emurcheceram sua vitalidade. E afofei perto das raízes, sem feri-las, e furei mais fundo abrindo passagens para a água entrar e atingir partes vitais, talvez em terra seca. E comecei a jogar a água fresca nas fendas controlando a entrada da água enquanto era absorvida. Abasteci-a com fartura. Depois reguei suas folhas e galharia com o regador e amor, com esperança que tal cuidado a recuperasse. Aproveitei e reguei também os agaves verdes que não podem tomar sol, quase secos, feiosos evidenciando o quão pouco cuidado estão recebendo.

Aí me dei conta de que meter a mão na terra já tinha me afastado do texto do escritor. E percebi também que o sol batendo na minha pele estava gostoso. Animei-me.

Reparei que o sol batia demais na parreira e mexi nos vasos. Botando a pegar sol a amoreira que adora dar frutinhas, a goiabeira cheia de brotos novos que eu nem tinha notado, o pequeno pé de romã meio esquecido que já deu tantos frutinhos e fica belo quando com flores, vindo todos para a área do sol.  A acerola eu deixei pra trás, meio na sombra, pois começou a florir de novo e só hoje estou notando.
Enchi o regador várias vezes e reguei as folhas de todo mundo, e mais as jiboias e o vaso de bambu dourado.

A varanda é pequena, mas tenho um pouco de cada espécie para me alegrar e fazer um pequeno habitat para os passarinhos.

Como ela, cuidei de mim mesma, já que ninguém cuida, e vamos ficando esquecidos até por nós mesmos.

Agradeço ao escritor HSerpa que me deu um alerta, um presente de comunicabilidade. Cada um tem o seu modo de ser e de comunicar. Inclusive de comunicar consigo próprio.