SUCUPIRA.

Sucupira.

Assustei-me quando procurei abrigo sob tua sombra; quando falei contigo eu era ainda criança, mas já eras majestosa, parecia querer tocar os céus com o cume do teu tronco e mal dava pra eu ver as poucas folhagens que ainda te sustentava viva.

Eu sou o quinto da minha geração que se espanta ao ver-te; o primeiro da minha dinastia que morreu aos noventa anos contou tua história, e disse que quando te conheceu já eras frondosa; o segundo meu tataravô que morreu aos cento e dois anos de idade, pediu para ser sepultado ali perto do teu tronco para ser transformado em pó sob tua sombra; o terceiro, meu bisavô que morreu aos noventa e oito anos, deixou em suas narrativas que foram preciso onze homens de braços entrelaçados para medir a espessura do teu tronco. Meu avô, pai do meu pai, o único que vi morrer, em seu leito de agonia aos noventa e seis anos pediu aos seus filhos vivos que não permitisse a ninguém cortar ou ferir o teu tronco. Fizemos ali debaixo da tua sombra um cemitério, onde estão sepultados todos os nossos entes queridos.

Houve muitas alterações no relevo do terreno onde estão fincadas as tuas raízes; por muitas vezes o fogo tentou te destruir mas não conseguiu, e não seremos nós, nem permitiremos que outros venham a ferir o teu tronco.

Que vivas eternamente!

Guel Brasil
Enviado por Guel Brasil em 29/09/2012
Código do texto: T3907134
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