Ovos chocando...

Ovos chocando... Espera por uma ninhada perfeita! Sol a pino! Calor! Quietinha... ela, aquece o ninho com seu corpo. Dias e dias parada! Vez ou outra o macho lhe coloca água e comida na boca. Preguiçoso, macho... a fêmea fica horas sem nenhum alpiste... um único alpiste.

“Escolhi a melhor poedeira e o melhor cantador para cruzar! A genética não falha! Esperem pra ver que filhotes lindos vão arrebentar por aqui.”

Fato notório para toda a família os canários nascidos nos últimos anos mostraram uma beleza incomparável. No alto dos seus 90 anos, Caetano anda um pouco esquecido... Vislumbra no final do túnel da vida, Mnemósine um pouco desnorteada, envelhecida... Dia desses, ele, um passarinheiro enraizado trouxe um gato para casa.

“Gato!? O que deu em você “Homem de Deus”! Ele vai espantar seus canários... vai fazer miséria...””

Dito e feito! Gato não combina com passarinho foi só pena que voou na quarta-feira de cinzas. Caetano precisou doar o bichano para uma amiga.

Primavera chuvosa. Raios e relâmpagos riscam os céus. Ovos de canário da terra chocando não se dão bem com temporal. Gora! Ninhada perdida. Começa tudo de novo... Escolha da fêmea, escolha do macho. Ninho pronto para esperar a fêmea.

“Desta vez vai... Daqui quinze dias os filhotes estarão nascendo! Vem aí um terninho de canário gloster!”

”Gloster?”

“Sim, o nome é pela coroa de penas no topo da cabeça.”

Dia do nascimento é festa em casa de passarinheiro. Dorme-se pouco a espera do primeiro bicar na casca. Um a um, os filhotes começam a fazer aberturas no ovo para saírem. Vida nova!

“Olha a coroa de penas... vou batizá-la de Tina Turner, se for fêmea, já, se for macho, Elvis Presley. O que está acontecendo com os filhotes? Eles estão tortos? Olha aquele tem a cabeça torta! Veja, aquele todo amarelo tem os pés virados para trás como: o caipora!”

A genética não falha... no seu esquecimento... Caetano acasalou pai com filha...