O Caso Valdomiro Santiago - parte 2

O Caso Valdomiro Santiago - parte 2

As religiões estão sempre falando do amor ao próximo e do amor a Deus sob todas as coisas. Existe aquele amor a tudo que vemos e que temos, portanto certeza e prova de sua existência. Amar o invisível, para alguns, assemelha-se a enganar a si próprio acreditando em algo que não existe; daí torna-se consequência natural dedicar o amor a um ser próximo cujo contato ou presença física é a garantia de que praticamos o amor verdadeiro, o de um ser humano direcionado a outro ser humano. Tudo isto está muito bem e é aceitável dentro da escala física que representa o eu e o outro. A ampliação desse conceito é o que vai trazer maior interesse à vida e ampliar o leque de felicidade porque se sai do medíocre para o mundo das possibilidades. O homem possui dentro de si uma mente, manadeiro de criatividade e sabedoria que em nenhum outro lugar poderá ser encontrado. Quando pesquisamos a vida acabamos dando continuidade à tendência de deixar inexplorado este lado fantástico da natureza de todas as coisas.

Se estudarmos com afinco os conceitos básicos, as orientações e mesmo os dogmas de uma religião e não deixarmos nossas opiniões formadas interferirem em nossa análise, acabaremos por penetrar em sua essência e entender os sentimentos que levaram o fundador a querer divulgá-la. Se deixarmos que nossas ideias vulgares sobre a vida, sobre aquilo que captamos pelos cinco sentidos e aquilo que vemos no mundo em forma de sagacidade influenciar nossa análise vai ocorrer o seguinte: não haverá evolução para nós além da que o mundo nos oferece. O que se deixa influenciar pelos conceitos vigentes porque são os que estão com a maioria fará sempre parte da manada cega que acompanha o condutor. Nessas circunstâncias abrir os olhos significa querer sabedoria e essa só vem quando atendemos ao apelo da alma. Sem querer emitir ideias de protecionismo ou adesão vejo o fundador de uma religião como um ser especial que possui a capacidade de se diferenciar. Ele está em constante contato com as verdades da vida. Estuda profundamente as causas que levam o homem ao sofrimento, consegue arrebanhar multidões que congregam suas ideias e é notório que já contribuiu para modificar para melhor inúmeras vidas; por que eu os classificaria como seres desonestos e espertalhões?

Isto é apenas uma questão de lógica e raciocínio. Seriamos tolos ao extremo se fôssemos generalizar os fatos. Não há dúvidas de que existem os aproveitadores da fé e do sofrimento humanos para se beneficiarem; esses existem e é certo que colherão as consequências do mal que empreendem, mas seu número é pequeno e suas ações não possuem força para anular os benefícios das ações do bem. O líder de uma religião precisa ser, e geralmente é, uma pessoa diferenciada em seu comportamento e em sua atitude perante a vida. O fato de sofrer perseguições está dentro da normalidade do que é o nosso mundo. O cerne da questão vem a ser o ponto de vista presente no homem comum; ele é materialista sob todos os aspectos. Daí surge a necessidade da busca, do estudo desvinculado das ideias pré-concebidas e das influências externas. A importância de conhecer o poder da mente resulta nesse ponto fundamental. O conceito materialista de que o homem é corpo físico está impregnado no imo da natureza humana. Libertar-se dessa ideia errada é que é o x da questão. Enquanto pensar que não passa de um aglomerado de matéria, que o espírito é apenas imaginação e que a mente não vai além da energia gerada pela força do cérebro o homem não vai evoluir para além do que se encontra agora.

Não é fácil ter-se a concepção correta do que vem a ser evolução. A princípio ela quer dizer desenvolvimento. Mas existe desenvolvimento também para o mal. Hitler, por exemplo, queria um desenvolvimento fantástico para a Alemanha e achava que, para conseguir isto, tinha que exterminar tudo que estivesse no caminho dos seus objetivos, nem que para esse fim fosse preciso ceifar milhões de vidas e foi o que ele fez, realmente. E o pior de tudo é que muitos o têm como um herói, um grande homem. Por aí se tem a ideia de como varia o pensamento das pessoas; de como é praticamente impossível distinguir o bem do mal. Partindo-se do conceito de que o bem gera bem estar e felicidade e o mal gera sofrimento seria lógico admitir que a busca do bem deva ser o caminho. Acontece que quase todos os conceitos, enquanto sempre dualizados nunca responderão satisfatoriamente as dúvidas existenciais do homem. Quando se passa a afigurar a existência da vida com os olhos voltados para o bem, exclusivamente, ela toma outro sentido. O mal não seria mais uma existência verdadeira porque ele é criado pelo próprio homem.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 28/09/2012
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