Galo bom é o capado, cozido e que comemos com pirão!
Pois é, basta o Flamengo perder algumas partidas e se aproximar da tão temida zona do rebaixamento, o assustador Z4, para um bando de corneteiros de plantão, mal vestidos e coloridos (Ui!), começarem a mesma ladainha:
-- Desta vez não tem jeito, a mulambada vai cair!
Ledo engano meus caros. O mengão não andava muito bem, não se pode negar. Um time sem brio, sem raça e sem fôlego. Sem nenhuma organização, um bando de jogadores correndo a esmo pelo gramado. Algumas apostas em atletas indignos de jogarem no todo poderoso Mengão, ao menos por enquanto (Tô falando do Negueba!), alimentavam, ainda mais, a imaginação dos incautos torcedores adversários. Quando o Dorival chegou e colocou aquele time com três na frente; o Love, o Thomás e o Negueba, e mais Três no meio campo, sem nenhum primeiro volante de ofício, eu pensei cá com meus botões: “Isso vai dar merda”. Eu estava certo, deu merda. Jogar sem pelo menos um volantão daqueles trombadores clássicos, butinudo e casca-grossa, é interessante na teoria, ou, no Barcelona, fora isso, é foda! Não tô aqui defendendo retranca ou jogar com quatro cabeças de área, não é isso. No entanto, acho essencial aquele maluco que corre pelo time, marca colado no pé do rival, sem dar espaço, igual a carrapato e chega junto, firme como um rinoceronte. Tem que ter um cara desses. Então, jogando sem consistência e sem criatividade o flamengo desceu feio na tabela. Chegou à décima sexta posição, apenas uma posição acima da zona da degola, a um passo do fim do poço, na beirada do inferno, sentindo o futum de seus bigodes queimando. Consequentemente, a turma que torce contra, - Tão grande quanto à nação rubro-negra -, estava numa vibração de dar gosto, tirando a maior onda, rindo a toa. E o meu mengão confiando, e apenas nisso se segurando, naquilo que é fato: Time grande não cai! E não cai mesmo! Sei que muitos torcedores de times ditos grandes, que já frequentaram divisões subalternas, que perambularam pelos porões do futebol, em regiões “undergoundianas”, - ora, a cena underground só é instigante na arte, não no futebol, - vão chiar, e dizer que time grande cai sim. Cai nada, essa é a verdade. Quando um time vai parar na segunda divisão ele se apequena, deixa de ser grande, ele se rebaixa. Significado de rebaixar do dicionário Michaelis: v. 1. Tr. dir. Tornar mais baixo. 2. Tr. dir. Fazer diminuir o valor das pessoas ou das coisas; aviltar, etc e etc. Meu mengão é grande, ou melhor, gigante; os times gigantes não caem, dito assim ninguém tem do que reclamar. Bem, então, depois de quase entrar na mal fadada faixa dos desesperados, o flamengo deu uma melhorada, e se afastou um pouco mais do improvável descenso. O Dorival mudou o time e para mim, esse é o time. Uma ou outra mudança, aqui e acolá, em circunstâncias muito especiais. O Amaral ali na cabeça de área, para mim, é indispensável para o sucesso. Não por ele ser um excelente jogador, - também não é tão ruim, - e sim pelo conforto que sua função proporciona para que os outros meio campos possam jogar com mais tranquilidade. Também pode ser o Airton, quando ele voltar de contusão. E é isso aí, continuar a jogar com garra e raça, inerentes ao manto e ir devarzinho subindo. Sem muita pretensão (coisa muito difícil para quem sempre foi acostumado a ganhar títulos e desdenhar dos pequeninos rivais). A partida que o Mengão fez ontem contra o Atlético Mineiro foi uma das melhores do time no ano. Jogou bem, marcou melhor ainda, saindo em velocidade e definindo na hora certa. Ninguém pipocou ou entregou o jabá. Não foi surpresa para mim. O tal do galo é freguês das antigas. E galo bom mesmo é o capado, cozido e que a gente come com pirão, assim como foi feito ontem lá no rio de Janeiro. Ah, já ia me esquecendo, o dentuço amarelou a olhos vistos e sentiu definitivamente que flamengo é flamengo.