Não existem anjos submissos
Ela encontrou um anjo tão desamparado, tão perdido, que o tomou pelas mãos. Ele não esta desorientado por ter perdido sua vida, mas sim por ter perdido a vida que havia de guiar.
Deram-se as mãos, e ela sentiu que tinha um anjo a guardar de todas as ameaças que rondam, e de todas as rondas que ameaçam, quando se leva alguém, tem de se saber aonde levar.
Evitou gares, portos e pontos que indicavam destinos, afinal já era dona agora de um destino a cumprir .
Balanços altos, amores baixos, cursos frágeis, inimigos fortes, becos escuros, alucinógenos “iluminantes”, pedras de se atirar, escudos pesados, palavras levianas, saudades de quem não devemos nos lembrar; via como que de tanto tinha que se afastar
Esquivando-se observou quantas vezes, sozinha, deixara de se esquivar, quantas vezes sua vida tangeu o mistério, quantas vezes visitou o drama, ainda que tenha se saído incólume, quantas vezes esteve na fronteira. Mas seu anjo não correria riscos, não ouviria ameaças, não deixaria de chegar, ele agora tinha alguém a o guardar.
Ia em frente trazendo consigo o anjo; ela o trazia mas agora tendo alguém para guardar não via que na verdade, ele a vida dela guardava