V E R G O N H A.

A vergonha é plural. Há vergonha que mancharia e vergonha isenta de culpa ou censura. Muitos desavergonhados desfilam cinismo diante de nossas inteligências. Muitos, e são tantos.....não têm vergonha de mentirem.

Um expressivo número mente com desfaçatez, praticamente debocham de nossa credibilidade. São gravados cometendo um fato e em seguida o negam.

Outros afirmam atividades que nunca tiveram, hábitos nunca cultivados, condutas contrárias as desenvolvidas, práticas não exercidas, tudo com a maior placidez. É a vergonha que devia envergonhar, por desonrar também, mas o mentiroso não se importa com a honra, e mesmo com atitudes infantis que desfiguram o caráter, mas não são passíveis de sanções maiores.

Muitas vezes as pessoas são surpreendidas por uma vergonha que não envergonha, mas cria impasses. É comum hoje pessoas de mais idade serem assediadas por jovens. Não seria a conhecida investida no interesse material, é fácil fazer esse discernimento.

A barreira da aproximação não é a idade de quem é assediado, mas a distância de gerações que situa uma esteira de diferenciação em gostos e variadas atividades, e atitudes. Mesmo que se tenha um espírito jovem e interesses e práticas jovens, fica parecendo que você é o mestre de tudo, o “sabe tudo” em qualquer assunto que venha à exposição. E verdadeiramente é assim.

Ficaria e ficará então uma troca só material, carnal, digamos assim. Isso basta? Por um certo tempo sim, mas esgota, objeto se compra em loja.

Onde está a vergonha que não envergonha? A vergonha de si mesmo por permitir a aproximação indiscutivelmente distante os aproximados. Cada um tem seus parâmetros e acontece com muitos permitir que isso aconteça, mas necessariamente os que permitem estão longe de terem opções mais sedimentadas, são escolhas de caminhadas, livres, mas pobres sob o manto da existencialidade.

É fácil visibilizar hoje, cada vez mais, essas ocorrências. É possível encontrar jovens com mais vivência e ricos em trocas, raridade para o fator tempo que caminhou estradas, viveu muitas vidas, transformou muitas alternativas, enfim, não tem vergonha de ter vivido com plenitude e poder ser assediado e soberanamente assistir o assédio, sem fraquezas...

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 27/09/2012
Código do texto: T3903754
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