POUSO CAMINHO DAS ARTES
É carnaval. 2010. Cunha, cidade do Vale do Paraíba, no interior de
São Paulo. De onde agora estou, a visão é deslumbrante. Ao fundo, a
serra parece um muro verde, protegendo a cidade. Daqui, avista-se a
Pedra da Macela, o seu ponto culminante. Dela se avista o mar de
Parati, segundo dizem os que lá já estiveram. Eu nunca fui. Tenho
pressão alta. A cidade, com as torres da Igreja Matriz dominando o
casario, não podemos classificá-la como bonita. Formada por casas
velhas, com suas ruas íngremes e estreitas, não possui uma praça
arborizada sequer, como a maioria das cidades interioranas. Exceção ao bairro Vila Rica, com suas alamedas ladeadas por belíssimas residências.Mas, tem seus encantos. Um povo simpático e hospitaleiro, demonstração dada pelo carinho que somos recebidos na Padaria do Celso, na farmácia, na Doceria da Cidinha, nos restaurantes. Aliás, o Quebra Cangalha é muito bom, com uma cozinha de alto padrão!
A beleza de Cunha está na sua paisagem dos arredores. De onde
quer que você esteja, vislumbra-se uma imensidão de montanhas
verdejantes, de vários tons.
Devido à presença de grande número de rios em seu território,
existem dezenas de cachoeiras, sendo uma das grandes atrações.
Todas as pousadas, e são muitas, costumam estar lotadas durante
quase o ano todo, por turistas à procura de um banho nelas.
Ainda sobre o povo de Cunha, devemos defini-lo como festeiro. Raros
são os meses em que não tenha uma festa, ou um evento promovido
pela Prefeitura, através de seu órgão de turismo. Um, já tradicional, é
a abertura das fornadas nos ateliês dos ceramistas. Existem diversos.
Cada um já marca com antecipação, todas as aberturas que serão
realizadas durante o ano, o que acarreta haver durante todo o
período, esses eventos. Além disso, citamos o festival de inverno, a
festa do pinhão, a festa religiosa do Corpus Christi, com quermesse,
as festas juninas, o carnaval que, neste ano presenciei, e foi muito
concorrido.
Há, também, diversos tipos de artesanato, como de jóias, e de
artistas plásticos, pintores, escultores. Enfim, Cunha oferece muitos
atrativos.
Aprendi a gostar de Cunha. O Ricardo Hespanhol, sogro de meu filho
Felipe, tem, há já alguns anos, algumas propriedades lá, e volta e
meia nos convida, eu e a Iara, para passarmos alguns dias em sua
casa. Muito bonita, com uma piscina redonda espetacular. Fora o lado
gastronômico, as cervejas, os vinhos, e as cachaças ...! Esse convite,
não declino. Além do mais, a Dalva e ele são excelentes anfitriões,
deixando-nos inteiramente à vontade. Não há jeito de recusar! Seria
um desaforo!
Se isso não bastasse, tenho um grande amigo que reside há muitos
anos em Cunha. O Paulo Ceccato, aposentado, como eu, da Prefeitura
de São Bernardo do Campo. Ele possui uma pousada que é uma
graça. Tem uns sete apartamentos que parecem casas de bonecas. A
Sagramor, sua mulher, é uma excelente “hostess” e o Paulo, muito
simpático, recebem os hóspedes de modo bem hospitaleiro, inclusive,
ele acompanha-os, às vezes, nos passeios, como cicerone. Sua
pousada, o Pouso Caminho das Artes é muito frequentada por uma
clientela cativa, pelo tratamento especial que eles dão aos hóspedes.
Quando ele sabe que me encontro na cidade, logo vem a minha
procura, pois nossa afinidade é muito grande. Excelente amigo!
Enfim, a simplicidade impera, e Cunha tem minha simpatia, por todos
esses motivos.
Nem precisa o “volte sempre”, pois, sempre voltarei!
PS – Essa crônica foi escrita em 2010. Hoje já tenho conhecimento de que o Paulo e a Sagramor não estão mais em Cunha, e segundo consta, foram para uma cidade do interior de São Paulo. Todavia, a pousada ainda funciona!