BOMBARDEIO

BOMBARDEIO

Lá fui eu em mais uma caminhada. Hoje os apelos poéticos se excederam, abusaram de mim:Pais ensinando filhos pequenos a pedalarem uma bicicleta,pássaros passando rapidamente , por minúsculos vãos de grade de ferro, e ainda as lembranças de uma conversa muito louca com uma amiga poetisa(dessas que só poetas loucos entendem).

Idéias se atropelavam , se chocavam,se abraçavam , beijavam , e vez por outra até se hostilizavam no interior dessa minha caixinha de pensar.Elas vinham e no mesmo instante fugiam.É que não queriam ser dirigidas, tinham sonhos próprios:Umas queriam ser poemas, outras crônicas, e outras,imaginem, queriam até ser o que nunca escrevi:almejavam ser contos de humor.

Tive que chamá-las, como chama uma mãe aflita com sete filhos soltos em um parque de diversões:

”Vem cá você meu verso, sai desse balanço...””e você querida estrofe, já estava tão arrumadinha e cheirosa, o que faz banhando-se nesse lago?” “desça desse escorregador poesia...porque se você se machuca e na dor silencia é a minha pena que cala, volta aqui poesia...” A prosa? esta eu nem chamei,porque sabia que só vinha com a boca da noite...

Bom nem preciso dizer que algumas idéias, como adolescentes rebeldes, precocemente alçaram vôos, enquanto que outras permaneceram...

Tratei então de relatar logo essa história, para que ela também não se perdesse por aí, e para que de certa forma alinhavasse o esboço daqueles desejos, e mais tarde parisse os poemas e crônicas instigados por aquelas idéias absurdamente inquietas e sonhadoras.

Conceição Castro
Enviado por Conceição Castro em 27/09/2012
Reeditado em 27/09/2012
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