O Cachimbo de Janeiro
Comemorava-se o nascimento do filho com o tradicional cachimbo, uma bebida que consistia na mistura de aguardente com mel de abelha, cravo e canela, sucos de frutas da região, assim como caju ou pequi, entre outras.
Na casa de um colega, o calendário era impecável. Todo ano, sempre no mês de janeiro, nascia mais um. É tanto que o irmão de outro colega, que morava na capital, costumava tirar férias no mês de janeiro e, sempre que íamos comemorar o nascimento do filho desse colega, ele também nos acompanhava, convidado pelo irmão. Isto já era uma rotina, de maneira que o moço da capital já contava com o cachimbo de janeiro, por ocasião de suas férias.
Certa vez, percebendo que o mês de janeiro já estava chegando ao fim e suas férias também, sem o habitual convite para o cachimbo, resolveu perguntar ao próprio genitor da prole sobre a falha daquele ano. E ele, com toda a tranquilidade e a garantia de sua macheza, respondeu: “É que houve um aborto”.
Como conseqüência, apenas alterou o calendário, com relação ao mês. Mas, a cada ano, continuava nascendo mais um filho. Esta era a prática do velho sertanejo, antes do advento da televisão.
Como dizia Luiz Gonzaga em uma de suas canções: “Com tudo isso / ainda sobra um tempinho / e um moleque sambudinho / todo ano é pra nascer” /
E o tamanho da prole, oh! ...