C I Ú M E.

Forte entrave para caminhar amando. A vida amorosa não é forrada de pétalas de rosa. O caminho do amor traz dissenções, mas é necessário não abrir portas para o fundamentalismo das emoções onde se encontra o ciúme, que biblicamente, é um pouco irmão da inveja. Nesse espaço as tempestades se aproximam e são avassaladoras.

Há algo pior do que matar o amor...pior ainda, sem nenhuma razão, montado nos ventos do imaginário?

O ciúme se define pelo medo de perder algo. A perda em gênero traz uma procissão de fobias. A imaginação alça voo.

De todas as emoções que o ser humano apresenta, o ciúme é um dos mais comuns e inquietantes. Não queremos perder para ninguém o que configura nosso sentimento de posse. Há alguma pessoa ou coisa que nos “pertence”.

Histórias antigas de ciúme incluem a de Davi, o segundo rei de Israel, que, até vencer os filisteus e o lendário Golias, era bem aceito pelo rei Saul. Entretanto, com tantos sucessos seguidos, Saul obrigou-o a sair do país por conta de seu ciúme. É o forte sentimento de posse presente.

Mas a posse é cadeado da liberdade. Nas relações humanas existem valores maiores do que a posse de ter e dispor, a liberdade hierarquicamente está acima do domínio, da posse de alguma coisa. As pessoas em suas identidades não podem ser possuídas, mas compreendidas e entronizadas em con-vívio, um dos maiores ou o maior impasse para a harmonia humana. Esse antepositivo, “con”, alarma e confunde a humanidade, a raiz é o convívio.

Dizem que é uma ideia errada que as pessoas fazem do ciúme ser ele a mesma coisa que inveja. Ter inveja é pretender ter algo de outra pessoa, mas o ciúme, indiretamente, é querer ser ou ter o que o objeto amado aspira, algo ou outra pessoa. A psicologia anda com pés pequenos nessa seara ao meu sentir.

E emoções têm padrões diferentes em épocas distintas. Ouçamos um mestre da Academia de Medicina da França. Maurice de Fleury, que em 1938, escreveu “A ANGÚSTIA HUMANA”. Sic: “ Uma dama , falando do ciúme, disse-me um dia: “adoro os indivíduos que fazem histórias por uma nada”. Vós gostais do ciúme, queixai-vos de vós mesmas”. Donde nasce a doença da alma que vai procurar no sofrimento uma alegria ardente e malsã?”. Maurice de Feleury, obra citada.

Todas as coragens são medos vencidos, mas o ciumento vive em guerra com seus medos, nem sempre vence, sua imaginação é infinita.

Viver a realidade do amor é a melhor opção , e nada nos pertence, nem mesmo nossa vida...

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 26/09/2012
Reeditado em 26/09/2012
Código do texto: T3902451
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