A FANTASIA DE UM MUNDO QUE NUNCA EXISTIU

Para Regina Fátima,

minha mãe.

Lembro-me do primeiro dia que eu descobrir o mundo, se Clarice Lispector havia descoberto o mundo daquela maneira, eu descobrir o mundo totalmente diferente do dela. Foi quando eu era pequeno, quando assistir na televisão um homem entre a vida e a morte, estava agonizando no chão olhando para o povo que se formara ao seu redor. O homem assustado olhava vira a cabeça pra cá e lá. Eu acho que ele sabia que estava preste a morre. Aquilo nunca saiu de minha cabeça, aquela imagem triste.

Parece que eu tenho certo trauma com isso, quando eu leio nos jornais ou quando vejo as fotografias de um homicídio ou de chacina numa zona rural ou urbana. O que mais me deixa triste é quando os jornais impressões divulgam a quantidade de jovens assassinados em nossas periferias todos os dias por envolvimento de drogas e roubos. É neste instante quando termino de ler a reportagem destacada no jornal que eu me lembro de dois versos de um poema famoso do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade que diz assim:

Há no país uma legenda,

que ladrão se mata com tiro.

Esse dois versos já dizem completamente quase tudo. É apenas com tiro que os problemas pequenos nossos podem se resolver. Aí me pergunto, se isso está certo? Vou ter que matar o meu pior inimigo à bala, pagarei um pistoleiro ou matador de aluguel da dar fim em gente que entrar em meu caminho. É preciso fazer isso, meu Deus?

Por que as pessoas insistem em serem maus por puro egoísmo individual? Hoje não temos uma plena felicidade, não estamos completamente felizes, por que há insegurança. Não só sou eu que sinto insegurança quando vou comprar uns pães na padaria ou passear num bosque ou numa praça; por que não existe segurança, as pessoas temem em serem assaltadas, assassinadas ou paleadas.

Toda vez, antes de dormir recordo o livro Como vejo o mundo, de Albert Einstein, na qual ele se maravilha sobre a condição humana. Eu também sinto este maravilhado pela condição humana nas qual por instabilidade, egoísta, crueldade, falsidade o ser humano derruba os outros em um tabuleiro de xadrez e todo vencedor diz que venceu, quando balbucia:

- cheque mate, eu venci.

E o perdedor de se deixar por vencido. São assim as coisas mesmo que jogo é jogo, realidade é realidade, e totalmente diferente de uma disputa de um jogo de Damas, Cavaleiros, Príncipes e Bispos.

Penso, penso, penso e não chegar a concluir por que as pessoas querem fazer de sua única vida uma guerra, matando uns aos outros por questões culturais, intolerâncias religiosas, politicas ou econômicas. Só vivemos uma vez como pensa a maioria do povo, mesmo que eu discorde disso, mas se as pessoas acham devo aceita-los por que vivemos de uma democracia, e uma democracia, devemos respeitar as opiniões, e não será por causa que terei de brigar ou matar as pessoas por causa de sua crença, se ele pensa assim, se ele sente feliz deixemos em pais, por que também intenderá as nossas condições, se acreditamos em Deus ou não, se somos cristões ou ateus.

Eu tinha oito ou nove anos que eu perdi a fantasia, que eu descobri sozinho que o mundo que eu pensava ser, não era o que eu imaginava ser. Era outro mundo grande e de pessoas devastadoras de pura sensibilidade e conscientização. Eu pensava que o mundo era aquela felicidade que Cecília Meireles dizia em sua crônica; A arte de ser feliz, mas eu acho quando ela escreveu isso, o que ela sentia era empolgação, uma grande empolgação, apenas isso o que me faz com eu discorda dela, mas eu continuo a amando do mesmo jeito que eu descobrir Clarice Lispector, Moacyr Scliar, Hilda Hilst, Drummond, Bandeira, Auta de Souza e tanto outros mundos.

Gilmar Jr
Enviado por Gilmar Jr em 26/09/2012
Reeditado em 26/09/2012
Código do texto: T3902354
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