O FLERTE DAS MENINAS

CLUBE PAN WD. Esse nome, nem seus fundadores sabem explicar. Já ouvi diversas versões: iniciais de Walt Disney, de Walter Daniel. A que mais me parece chegar à realidade, é a de que, um grupo de jovens, apreciadores de basquetebol, inscreveu-se no campeonato promovido pela Gazeta Esportiva, no ano de 1947 e, para tanto, havia necessidade de ser uma agremiação. Esta foi formada, tendo sido denominada Panelinha. Ao procederem a inscrição no citado torneio, houve a exigência de modificarem o nome, pois, já um outro clube, com essa denominação, fora inscrito. Em homenagem ao Peter Pan colocaram o PAN, e para distinguir do personagem, aleatoriamente, colocaram o WD. Em 07 de julho daquele ano, então, fundou-se o Clube Pan WD, porém, o que se fixou, foi o nome fantasia Panelinha. Seus fundadores foram o Rubens Awada (Bimbo), os irmãos Soldani, Luiz Antonio (Gino) e João, os primos Aurélio (Nelo) e Dino Vezzá, o Nei Magini, o Sérgio Guazzelli e o Quico, cujo sobrenome era Ventura, não me recordando o seu primeiro nome.

O ponto de encontro do grupo era o Quitandinha, um famoso bar instalado na esquina da Oliveira Lima com Albuquerque Lins, ponto, também, da classe política de Santo André. O Quitandinha foi, sem sombra de dúvida, entre o final dos anos 40 até os anos 60, o centro nevrálgico da política, da fofoca e de tudo o que acontecia na sociedade andreense. Os conchavos políticos, os namoros, os grandes negócios, as boas e más notícias, tudo girava em torno desse bar. Aos domingos, após a missa das 11 na Igreja do Carmo, e após o término da primeira sessão noturna do Cine Tangará, ele era o alvo visado pelas meninas, a fim de flertarem com os jovens de seus sonhos, que ali se reuniam. Principalmente, no vai-vem após o cinema.

Com a entrada do Panelinha na disputa dos desfiles carnavalescos, ele foi se desenvolvendo, mormente depois do surgimento do Ocara Clube, seu grande rival. Esse é um capítulo memorável na história da cidade. Santo André foi quem ganhou, seu carnaval ultrapassou fronteiras, ficando famoso, inclusive, em dimensão nacional, com cobertura da televisão e outros meios de comunicação da Capital.

O Clube Panelinha representava, à época, a fina flor da sociedade. Promoveu os concorridos bailes de debutantes, assim como as excelentes festas havaianas e as festas juninas. Após alguns anos, por volta da metade dos anos 60, ele instalou sua sede no antigo restaurante da família Balderi, defronte ao Cine Carlos Gomes, para, pouco tempo depois, ir para sua casa definitiva, onde está até hoje, na Avenida Portugal, em terreno cedido pela família do fundador Dino Vezzá.

A par dessas atividades sociais e carnavalescas, o esporte no Pan WD também foi muito praticado, entre os anos 50 e 70. O Panelinha despontou com boas equipes de basquetebol, tendo disputado os torneios promovidos pela antiga Liga Santoandreense de Basquete, tanto na categoria adulto, como na juvenil. E o futebol foi intensamente praticado durante muito tempo, nos inesquecíveis confrontos contra o Ocara, e aqueles, aos sábados, no campo do Casa Branca, com o Mário Cola como juiz.

Já com o ginásio de esportes em sua sede, grandes torneios internos de futebol de salão foram disputados, com o saudoso Herman Lowi, no apito.

Os anos passam, a vida continua, e nós, velhos amigos de tantas jornadas esportivas, sociais e gastronômicas (principalmente!), ainda temos a felicidade de, aos sábados, nos reunir lá na sede. É a hora em que o grupo, se bem que reduzido, aproveita para relembrar aquelas passagens inesquecíveis, as figuras com quem tivemos oportunidade de conviver, os namoros, as diabruras do Marcelo Cardoso Franco e do Paulo Roberto Oliva, ambos falecidos.

Nesses momentos, é que damos valor à amizade. Passam-se os anos, mas, a chama continua acesa. O ideal plantado por aquele grupo de jovens, ainda perdura, e a missão a que ele se propôs, continua mantida, como prova permanente de que, enquanto a labareda da amizade estiver tremulando, existe o elo que nos uniu.

Através de poucos, porém, ainda bem forte!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 26/09/2012
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