ACONTECEU OUTRA VEZ

Como um filme, várias vezes repetido, assistimos à realização de mais uma greve de professores/técnicos no ensino superior.

Quando eu estava cursando a graduação tive o “privilégio” de sofrer as consequências nefastas de três dessas greves e por conta delas, a maioria dos semestres foi “condensada”, de seis para quatro meses.

Na ocasião fazíamos a brincadeira de que estávamos pagando as cadeiras de GREVE I, II, III tal como as matérias curriculares de Zoologia dos Invertebrados I, II ou Estatística/Matemática I, II ou Botânica/Genética I, II, III, IV etc.

Isso, sem sombra de dúvida, causa imenso prejuízo na transmissão, apreensão e fixação dos conteúdos programáticos que são adaptados para seminários, apresentados pelos próprios alunos divididos em grupos de seis, oito ou dez pessoas e onde não são exigidas as participações dos alunos que não fazem parte do grupo responsável pelo assunto do seminário e nem se avalia o aprendizado da turma em geral.

A maioria do alunado não detém as técnicas didáticas de transmissão de conhecimento e dos conceitos e o restante da turma, testemunha muda dessa encenação que fique com as dúvidas porque o corporativismo e as boas normas de coleguismo não permitem perguntas que o grupo apresentador do seminário pode não saber responder e ter a nota rebaixada por causa disso.

Vale ressaltar que os assuntos “vistos” nos seminários não são debatidos pelo grande grupo a fim de que o professor esclareça as possíveis dúvidas, tudo dentro daquele acordo tácito que preconiza:

“EU FAÇO DE CONTA QUE ESTOU ENSINANDO E VOCÊS FAZEM DE CONTA QUE APRENDERAM”

Resta àqueles que se interessam pela matéria, muitas vezes totalmente divorciada da realidade, fazer o exercício de pesquisa como verdadeiros autodidatas.

É preocupante o futuro de um povo que negligencia o aprendizado e a formação dos seus jovens.

Não questiono o mérito das greves, mas o ônus é sempre do alunado e o prejuízo da nação.