CIRANDA
Ciranda
Me chamo Francisco, outro dia estava no ponto de ônibus e comecei a prestar a tenção em dois garotos que estavam a brincar, o menor cantava assim:
_ Ciranda, cirandinha hoje vou ganhar muito dinheiro e levar aos meus pais para não vê-los chorar.
Uma garotinha olha e fala:
_ Mamãe, mamãe olha o menino com um penico na cabeça.
Parece o menino maluquinho, invés de estar com uma panela na cabeça, ele anda com um penico.
De repente o maior começa a gritar:
_ Vamos, vamos Gil lá vem o buzo.
_ Então dá o sinal Cosme.
_ Corre moleque!
O ônibus para, Cosme o mais velho pergunta:
_ Bom dia senhor motorista, posso pedir uma ajuda aos passageiros?
O motorista:
_ Entre meu filho, mas é para descer no próximo ponto.
_ Tudo bem, obrigado!
_ Senhores estamos aqui passando esta sacolinha pedindo uma ajuda.
Por necessidade, minha mãe esta desempregada cega de um olho, meu pai esta velho e manco de uma perna, além de nos termos mais dez irmãos passando fome.
Eu e o restante dos passageiros escutamos uma voz vindo de um engraçadinho, lá do fundo do buzo:
_ A mãe é cega, o pai é manco e fez doze filhos, imagino se não fossem, tinha uns vinte.
Todos dentro do ônibus deram risada.
Gil abaixou a cabeça e chamou Cosme para descer do buzo.
Cosme com um sinal de revolta, fala para o irmão:
_ Não, não vou descer Gil, os senhores dão risadas porque não é ninguém da
família que esta passando fome, podia ser seu irmão ou seu filho.
A um silencio dentro do buzo
_ Desculpe-me senhores e senhoras a minha situação não é para dar risadas.
Podemos continuar passando a sacolinha doem o que vocês poderem, qualquer
trocado já nos ajuda, muito obrigado.
Fiquei endiguinado.
Cosme fala:
_ Gil ergue a cabeça, vai por aquele lado com a sacolinha que vou por este.
_ Tudo bem Cosme.
Passa pelo primeiro passageiro que lhe da uma moeda.
_ Obrigado pela ajuda.
Passou pelo segundo e todos os passageiros que os ajudavam eles diziam:
_ Muito obrigado que Deus lhe abençoem.
Mas já estava próximo ao ponto que eles iam descer Cosme chama Gil:
_ Vai lá no fundo e pede para aqueles senhores.
Gil fala:
_ Esta bem Cosme já estou indo.
Gil vai para o fundo e pedi para um e para outro. Até que chega no engraçadinho que fez a piada de sua família e o rapaz pergunta:
_ O que você quer garoto com esta sacola?
_ Senhor estou aqui pedindo uma ajuda, uma moeda, passe de ônibus ou qualquer trocado que o senhor possa dar.
_ Garoto você acha que tenho cara de banco? Estou jogando dinheiro fora? Eu não tenho dinheiro nem para mim, vou dar dinheiro para dois trombadinhas.
_ Vaz se lascar, Vaz procurar sua Turma garoto e me deixa continuar tirar o meu cochilo.
Fiquei endiguinado e o restante dos passageiros também, pelo modo que os garotos estavam sendo tratados. Fiquei supresso com a educação dos garotos.
Gil o menor, olha para o rapaz e agradece:
_ Deus lhe abençoe e lhe dê em dobro.
O rapaz olha para o garoto tenta falar, mas não consegue.
Cosme dá o sinal, agradece a todos os passageiros e desce.
O ônibus continua com seu trajeto. E eu, todas as vezes que passo e paro naquele ponto me lembro do garoto com o penico na cabeça, e cantando, ciranda, cirandinha, ciranda, cirandinha.
Paulo Pereira