A PENEIRA
E naquela noite resolvi pedir um “pouso” na casa da querida tia Terezinha em Guarulhos. A recepção foi maravilhosa e após algumas partidas de “truco”, boas conversas e risos ecoados pela vizinhança fomos dormir sob uma garoa fina que caia lá fora.
Os olhos ainda estavam semiabertos foi quando fiz um convite ao meu querido sobrinho Fernandinho para assistir a um jogo de futebol de outro sobrinho chamado Leonardo, que nós carinhosamente chamávamos de “Léo”, o garoto estava jogando muito futebol e iria participar de tal “peneira” que seleciona garotos para jogar num time profissional.
Acordamos e imediatamente saímos para irmos até o Parque Ecológico do Tietê, onde aconteceria a tal “peneira” e quando chegamos ao ponto de ônibus disse ao meu sobrinho que iríamos a pé e ele quase voltou pra casa para continuar no seu belo e maravilhoso sono, parou, pensou e resolveu acompanhar o seu tio insano e lá fomos nós andando, andando e andando pela avenida Guarulhos, Ponte Alta até pegarmos a Rodovia Airton Sena sentido Rio de Janeiro.
Durante o trajeto conversamos sobre tudo: escola, namoradas, curso de desenho, várias piadas e nada de chegar ao tal Parque Ecológico.
A Felicidade em andarmos com jovens ao nosso lado é que nunca eles ficam cansados e sempre estão alegres e proseadores do mundo, do nada e sorriem de tudo e do nada e assim seguimos em frente sob uma tênue garoa que insistia em atrapalhar nossa caminhada para apreciar o maravilhoso e querido sobrinho Léo.
Após duas horas caminhando sobre a Rodovia Airton Sena e deixarmos vários sorrisos para trás acabamos chegando ao Parque Ecológico do Tietê.
A chuva já se fazia presente e posicionamos-nos atrás do alambrado esperando os garotos que disputariam quem iria poder participar de um time profissional e lá ficamos pacientemente aguardando os garotos entrarem e mostrar tudo aquilo que sabiam em matéria de futebol.
O jogo começou e tínhamos certeza que nosso querido sobrinho Léo iria passar pela tal “peneira”, a chuva caía e os lances aconteciam...até que marcaram um gol e imediatamente fui abraçado pelo meu sobrinho Fernandinho dizendo que tinha sido um gol do nosso sobrinho Léo.
A partida de futebol continuou e meu sobrinho fez mais um gol para nossa felicidade e tínhamos certeza que ele estaria aprovado para jogar num time profissional...
Abraços carinhosos foram distribuídos sob a forte chuva e ficamos aguardando o resultado e com muita esperança do querido sobrinho Léo tornar-se um atleta profissional.
Após uma semana recebemos a triste noticia que o meu sobrinho não tinha sido aprovado na tal “peneira”. A tristeza fez-se presente e eu questionei o que faltou para o garoto ser um atleta profissional: Um bom patrocinador ou talvez ser parente de um profissional do futebol. Dois gols, muita chuva pelo lombo e ainda receber um “não”....E viva o Brasil e viva os “boleiros”.
As “peneiras” terminaram, o sonho evaporou-se pelo gramado, mas tenha uma certeza querido sobrinho Léo... você foi e sempre será o atleta do nosso coração! Parabéns pela tentativa e ficamos muito orgulhosos pela persistência! Valeu! Te amamos!