Crônica de inverno.
O sol era quente, a noite fria e seca, era inverno, mas aspirava primavera; as galhas das árvores balançavam com o vento quase gelado; uma árvore bem verde estava sob meus cabelos e ouvi lástimas de um trompete triste e cantos dos navios negreiros.
Vi-te poucas vezes, não muitas, o seu olhar era amarelo como as alucinações de Van Gogh e sua crina era como de um cavalo marrom, o seu cheiro como aqueles que fogem do sol de inverno e eu era jovem, muito jovem.
Nunca ouvi sua voz ou o seu sotaque a não ser um teatro da sua alma, uma fala castanha como a tinta desta caneta azul que tenta, inutilmente, copiar meus pensamentos. Mas talvez seja assim a vida, essa roda incansável que gira em torno do meu âmago
Na vida todos os amores são fugazes e todas as amizades descartáveis.
O universo não conspirou ao meu favor... À minha paixão... Então assim morro e vivo a ilusão da minha solidão acompanhada de um copo de café amargo e um cigarro apagado pelo tempo seco que me faz tossir.