SEMEI JADINS
O outono transgredia a monotonia. A brisa acariciava o rosto. O sol cálido despedia-se como quem precisava repousar, as folhas das árvores entoavam uma melodia dissemelhante, vangloriando algo que estava por vir...
A tarde de domingo, era o convite a um duelo, que me inquietava a alma. Sai a perambular sozinha pela cidade onde se tornara a minha nova morada. Cheguei a uma pracinha e não pude deixar de perceber que as crianças, cada vez mais preferem o vídeo game ou o celular, às praças. Depois dessa triste observação avistei uma menina solitária, vindo ao meu encontro, perguntando-me se eu morava por ali.
Respondi afirmativamente e começamos uma conversa descontraída. Ela convidou-me a balançar-me e eu apenas me sentei ao seu lado enquanto ela embalada os seus sonhos e o seu corpinho franzino no balanço da praça. Conversamos longamente e acabei confessando a ela meu desejo de plantar um jardim na minha nova casa. Apesar das formigas não o deixarem florir.
Desta forma encontrei a minha mais jovem amiga. Menina ruiva, de nove anos, cabelos longos e olhos grandes. Esperta e cativante. Que confessou -me estar na ali, por não ter sido convidada para uma festinha que acontecia no salão ao lado da praça. Em seguida ela mostrou-me o seu avô que acompanhava tudo com olhos atentos, sentado logo adiante. Despedi-me e segui para casa. Deixando a criança a balançar-ce na praça.
Dois dias depois, ela apareceu diante da minha casa com sementes de flores e mudas de roseiras. Segundo a minha nova amiga, eu deveria insistir em plantar e ignorar as formigas antipáticas... E continuar a plantar... E continuar a plantar...
Ah! É bom que eu diga que as minhas primeiras margaridas e os botões de rosas que hoje alegram os meus olhos, e perfumam o meu lar, eu dedico-os a minha nova amiga chamada Luamara. Uma criança de nove anos que me ensinou que é preciso insistir em plantar jardins, pois cedo ou tarde as flores brotam!