Fantasia
Como? Fantasia!? Sonhar é preciso vez ou outra. Escolhi sonhar que comprei o número premiado da loteria. Milionário... ou melhor, bilionário... tanto dinheiro que não sei o que fazer com ele! Já sei! Primeiro a fazer é dar uma festa para os amigos e os parentes.
“Festa? Você está louco, homem de Deus! A fila de “pedição” vai arrastar por quarteirões, ainda mais se ajuntar as gerações das duas famílias: portugueses e italianos! Ponha a mão na consciência!”
Não é que Carminha tem lá sua razão. Outro dia o Antônio me pediu 50 mil reais emprestados... ri na cara dele. Se eu tivesse todo esse dinheiro comprava o terreno do José para construir a minha casa. Sonho tanto, com uma casa arejada, larga... pra dar conta de todas as visitas que recebo.
“Vou comprar uma casa para cada parente que paga aluguel.”
“Escancarou geral. Loucura total, daquelas para Michel Foucault fazer um estudo profundo, sobre o seu problema mental. Homem de Deus, só do seu lado, contando por baixo, 20 desses parentes próximos pagam aluguel! E, olha que, ainda não contei os meus!”
Ouvir a voz da razão é ouvir a voz de Carminha. Dou a mão á palmatória... eita mulher pra visualizar as coisas!
Vou distribuir um equivalente em dinheiro para quem estiver mais precisado dos nossos parentes. Já sei, Carminha vai me lembrar de todos os precisados e o dinheiro do prêmio não vai dar nem pro começo.
Uma sugestão para alegrar a gregos e troianos, ou melhor, portugueses e italianos, seria pagar a fantasia do bloco em que eles saem todo ano na escola de samba do Rio de Janeiro.
“Nem pensar dinheiro jogado fora! Dinheiro para ser bem empregado precisa ser investido em bem durável.“
Basta! Chega! Cansei! A fantasia acabou... foi tudo sonho, ou, melhor pesadelo, essa de ganhar na loteria. Vou ficando com sonhos mais simples, destes que eu possa dar conta de sonhar...