Porto

Como um navegante cansado, estou a procura de um porto. Não tem que ser necessariamente seguro, basta ser um porto, um cais, terra firme. Um porto onde eu possa ancorar minhas emoções, viajantes tumultuadas. Desembarcar minhas pernas cambaleantes do balanço do mar. Equilibrá-las em terra firme, dar-lhes direção. Deitar meu corpo descansar de tanto mar ... tempestades , ventos alucinados a procura de terra, me deixaram a deriva. Navegando em águas tépidas calmas, com ventos acariciantes, o céu me presenteou uma estrela ... deixei de lado meus instrumentos e naveguei, tendo-a como guia.

Naveguei em carnes macias, umidades quentes, reentrâncias convidativas, nada mais, vi ou quis ver, recusei sinais de alarme, encantado em navegar mansamente por águas tão ternas. Me vi frente a borrasca, a estrela desaparecera já não me guiava, agora cansado, estou a procura de um porto, sentar a beira do cais, procurar novamente minha estrela... remarcar meu horizonte...ainda que seja para descobrir que não existe.

Carlos Said

Carlos Said
Enviado por Carlos Said em 25/09/2012
Reeditado em 19/03/2017
Código do texto: T3900326
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