OS SONGAS MONGAS.
Por Carlos Sena
Por Carlos Sena
A gente sempre se acostumou a ouvir as histórias do Saci Pererê, do boi tatá, da cabra alada, da caipora, da mãe d´agua. Histórias da mula sem cabeça, da chupa cabra, do bicho papão, etc. A gente só nunca viu nesse contexto a história da SONGA MONGA. Sempre tivemos curiosidade em compreender a Songa Monga ou o Songa Monga, posto que sejam substantivos comuns aos dois gêneros. Diante de nosso pouco conhecimento acerca dos SONGAS, começamos investigar um pouco suas histórias. Uma coisa boa é que essa expressão já consta nos dicionários com as seguintes denominações: pessoa sonsa, disfarçada, individuo moleirão, molenga.
Diferente dos “bichos” citados anteriormente, os personagens SONGAS MONGAS não foram beneficiados com as situações sociológicas que, por exemplo, o Saci Pererê, teve e ainda hoje tem. A sociologia dos SONGAS nos remete mais ao moderno (grifo nosso), posto que nossa juventude tão ligada na internet perdeu um pouco a ilusão ou o “medo” bom que nossos avós nos passavam quando contavam histórias de “boi tatá” por exemplo, ou do bicho papão.
Por isto, acho que seria bom eleger algum bicho que fosse assimilado da mesma forma que os de outrora, mas com significação diferenciada, moderna, agregando valores da atualidade e das suas formas variadas de relacionamento e de ação. Por isto acho que o SONGA MONGA seria uma "sexta básica" de todos os bichos que fizeram medo a garotada no passado. O SONGA MONGA pode ser uma pessoa que, no físico é igual a mim e a você. Eles existem hoje em nossa realidade concreta, embora muitas pessoas ainda não lhe associem ao seu verdadeiro nome concreto. Por isto o nome SONGA MONGA cai como luva. A própria definição dos SONGAS nos dá essa certeza: como dissemos anteriormente, SONGA MONGA é uma pessoa masculina ou feminina que é geralmente "sonsa, disfarçada, individuo moleirão, molenga". Grosso modo, os SONGAS MONGAS estão pertinho de nós em suas diversas formas de nos meter medo e cometer maldades. Vejo-os numa performance moderna de fazer ruindade de caso pensado, cometer assédio moral, homofobia e assemelhados, somado à desfaçatez. Há songas que não fazem medo, mas é difícil saber qual deles. Porque no geral são sonsos. Essa é a grande capa que esconde a verdadeira face dos SONGAS MONGAS. Os disfarces dos Songas são embutidos nas diversas máscaras que eles, consciente ou inconscientemente, sabem como poucos se esconder nelas.
Como o nosso mundo está muito virtual, os SONGAS MONGAS estão invadindo as organizações com mais vigor. Geralmente se trancam em salas e ficam na frente dos computadores “ardilando” formas de, em nome de um trabalho, de metas estabelecidas, fazerem cumprir seu potencial SONGA que tanto mal e medo pode produzir num ambiente organizacional. Se o ambiente for público essa constatação fica mais objetiva, porque os SONGAS se articulam bem e são, como se não bastasse, MAQUIAVÉLICOS por excelencia.
Quando os SONGAS são obrigados a conviver em ambientes de trabalho coletivo, aí então entra em cena a desfaçatez como mais um disfarce. Onde tem um monga, dificilmente se sabe de onde partiu uma fofoca, uma mentira, uma perversão. Seus perfis são os mais tranquilos possíveis e, por isto, ficam difícil de serem identificados pelas maldades que produzem dentro dos ambientes laborais.
No geral, os SONGAS MONGAS tem cara de anjo. São as pessoas mais insuspeitas quando praticam o assédio moral. Não deixam provas evidentes disto e quando alguém diz que a SONGA faz assédio moral, logo a outra pessoa não acredita. Riso fácil, os Songas são, no geral, mal amados e talvez por isto se sintam incomodados com quem no amor é feliz. São pouco afetos às pessoas que brilham, mas não são capazes de verbalizar. Quando alguém conversa com uma Monga sai dela acreditando que tudo foi a bom termo. Engano. Os Songas Mongas são falsos por excelência. Isto os leva desenvolver uma metodologia de trabalho calcada nas forma de “igrejinha”, principalmente quando ocupam cargos com alguma relevância. Sempre andam em corriola e tudo fazem para mantê-la mesmo correndo riscos. Os Songas mongas, no geral fazem medo pelas possibilidades que têm de surpreenderem. São meio adeptos do apunhalar pelas costas e, quando choram, se inspiram nos crocodilos.
Há quem diga que os SONGAS sejam fracos de inteligência. Nem sempre. SONGA MONGA pode nem ser um primor de inteligência, mas são um primor de audácia e sabem, como poucos, jogar com as pessoas em seu pior sentido de jogo, utilizando a vulnerabilidade delas. A análise transacional capitaneada por Erick Bern condena o jogo das relações interpessoais, mas essa é a especialidade dos SONGAS MONGAS. Eles jogam tão bem que conseguem adesão às suas ideias pelos seus pares. Muitas vezes alguns dos seus pares entram na deles sem nenhuma desconfiança. Com o tempo, não raro, descobrem que conviveram com “cobra” e que por pouco não se picaram com ela. Correm também o risco de virarem SONGAS MONGAS.
Não é próprio dos SONGAS o respeito às diferenças, embora finjam que defendem o politicamente correto. Assim, quando você disser a um filho seu que vai chamar o BOI TATÁ, ou a mula sem cabeça, pensando que ele vai tremer de medo, desista. Tente dizer a ele que se ele não melhorar no seu trato com você; se ele não passar de ano na escola, etc., você vai chamar A SONGA MONGA, então ele vai se desesperar. Como se vê, OS SONGAS MONGAS são a síntese dos nossos pretéritos medos que eram materializados com o nome de bicho papão, mula sem cabeça, saci Pererê, Cuca e outros. Hoje os jovens nem sabem quem eles foram ou se foram. Talvez os personagens do Sítio do Pica Pau, mas olhe lá. Contudo, se você disser que vai chamar os SONGAS MONGAS, aí tá frito. Ele vai se cagar todinho de medo.
PS.
Vou pedir a algum pintor ou desenhista que, tal qual a mula sem babeça, desenhe um bicho que imite O SONGA MONGA.