Ele chegou!
Quando o sol demorou a sair eu soube, o frio nos pés e nos ossos vieram me confirmar. Que ele havia chegado eu soube. “Chegou afinal”, falei. Assoviava o vento e a chuva fina dedilhava na janela a trilha do seu chegar. Assim eu soube, sonhei que ele estava chegando e quando acordei ele já estava lá, no ponto. Fui ao seu encontro logo cedo, ainda escuro. Sacola arrumada e sem desculpas, algum empecilho (?) nada, nada racional. De mãos dadas com os bolsos fui ao seu encontro. E ao ver-me saindo, com uma salva de folhas o vento me saudou: chuva natural de confetes, bela, cheirando a novo frescor, molhado, esperança desfalecida alegre, satisfeita por vê-lo chegar. Saí hoje cedo logo de manhãnzinha só para encontrar com ele e saciados do tempo ficamos sós, por um momento e um pouco mais. Então, maravilhado, cessou o vento por um instante e a espiar-nos, sorrateiro e manso, vimos o velho sol despertar. Final de setembro, quase, ele veio este ano. Mais tarde ou mais cedo, todo ano ele vem e fica três meses, renova-me as forças e então se vai. Eu o amo e sempre o aguardo na certeza bamba de que ele não falha e na esperança falsa de não sentir sua falta ao vê-lo passar.
Crônica originalmente publicada no Bluemaedel (bluemaedel.blogspot.com)
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