ESTAGNAR...
Muitos se esforçam, procuram aprender sobre humanidades, pretendem alçar voos maiores de formação, esforçam-se, leem livros, se empenham, mas não se aprimoram.
Passam a olhar e não ver, avaliar sem base de dados, impossibilitado o acesso, pela restrição natural que se impõe na limitação efetiva.
Por quê?
Por colocarem rótulos em tudo. É preciso ampliar a pesquisa, e atender universalidades com base na história. A visão estreitada se conforma com duas partes, fica estereotipada pelo alcance reduzido de faculdade. E o pior, acabam achando que todos são assim. É o universo frequentado. Se alguém entende diversamente é isso, é aquilo, se sua posição é esta não pode ser aquela. Fica segregado o entendimento por limitação.
E ficam a contar migalhas de entendimento anão, difícil de crescerem os assim posicionados, nunca serão gigantes em nada. Quem só conhece duas partes nunca saberá sobre o todo.
Quem anda por um caminho só tem consciência pequena, a de existir só um outro do lado. É como viajar. Todos vão para os mesmo lugares, por terem seus atrativos, mas só se dirigem ao que é comum. Conhecem rótulos expressivos como parte, mas nunca os segredos do todo. Ou viajam impulsionados pelo consumo, a grande massa.
Essa falta de conscientização não é vontade de quem rotula, é condição de poder distinguir ou não. Assim é a humanidade, por isso uns estão mais na frente, outros ficam marcando passo nas fronteiras de saber ou não saber um pouco mais, como ler Aristóteles, Platão e Sócrates, ou Nietzsche e Schopenhauer, coisas comuns, os dois últimos até um certo modismo hoje, mas esbarram na porta fechada para ingressar na casa de Kant.
Podem ficar cientes que Nietzsche partiu de Schopenhauer e que este foi um crítico de Kant. Mas não passam disso.
É como ir ao Louvre e passar embaixo da Vitória de Samotrácia e nada dela saber, acontece com milhares, falta de curiosidade, ver a sombra e a luz de Caravaggio e não conhecer a de Vermeer, se extasiar diante do David de Michelangelo e não saber que ele é estático diante do movimento do David de Bernini, barroco, ler Ana Karenina de Tolstoi e não sentir que o núcleo real do livro foi amar o amor.
Isso tudo é denso, enciclopédico, conhecimento circular, é estar na floresta e enxergá-la toda, não só ver uma árvore como a sequoia que deslumbra e ficar só nisso. E se alguém sabe alguma coisa saberá que nada sabe, cada vez mais, e saberá que não pode andar em estrada de mão e contramão, mas em autoestrada e suas variantes, para tanto deve evitar a prisão aos rótulos, socialmente, politicamente, religiosamente, sob pena de ficar como um néscio...capenga e embotado.