O universo Zuckerberniano
Se a vida imita a arte, o Facebook a perfeição. Lá é o mundo ideal. Ideal para quem quer ser cult, hype, indie, hipster, mainstream, badalado ou tão somente se sentir parte de algo. É a vida minuciosamente selecionada. Ou alguém já se deparou com um usuário imperfeito por lá? Óculos Wayfare, efeito vintage no Instagram, contraluz. Corta daqui, mais um pouquinho dali. Perfeito!
Ninguém mais come o bom e velho arroz com feijão. Yakissobas, sushis, temakis e cupcackes compartilhados com o mundo, antes mesmo da primeira garfada. Confesso que lá é o mundo com o qual o Capitão Planeta sonhava.
Todos os indivíduos têm consciência política, ambiental, social, moral e religiosa. Volta e meia, por lá, aparece um racista, um ateu, mas logo são devidamente convidados a se retirar, submetidos a um senso comum de justiça.
Os namoros de timeline, todos romances shakespearianos. Parafraseando Vinícius de Moraes, que seja infinito enquanto não puder ter acesso ao Facechat. Dos lugares, sempre o melhor. Check in de condomínios de luxo, boates, academias de musculação, shoppings... Tudo relacionado ao dinheiro. Sinônimo de bem sucedida condição social. Check in, de um ônibus nunca o vi.
Gravidez na adolescência é cool. Ter mil amigos é pouco. Em vestidos colados, corpos são esculturais. Uma vida perfeita em bytes. Em átomos, nem tão charmosa assim.