NEM A PRIMAVERA


Hoje, como de hábito fui caminhar pelo condomínio. Costumo ir bem cedinho. Gosto de ver a natureza acordando.
Pelas alamedas, quase que só eu e os pássaros, marcávamos ponto. Eles, nas árvores cantando alegremente, e eu no chão caminhando e aproveitando pra pensar.
Passei por algumas ameixeiras carregadas de ameixas, até não poder mais. Seus galhos estão inclinados pelo peso dos frutos maduros.
Amoreiras, pitangueiras, goiabeiras, estão iguais, com lotação esgotada, a passarada se regojiza, com o banquete, um verdadeiro oásis que encontraram para viver.
Porém, passando por um lago que há no condomínio, observei que um pato (não sei se é pato ou outra espécie de ave) nadava solitário, longe dos demais. Estranhei tal comportamento, pois, são aves gregárias, que na maioria das vezes escolhem um parceiro(a) para conviver o resto da vida. Todas as outras aves, nadavam aos pares, ou em grupos de três ou quatro. Somente essa da foto, permanecia solitária. Um funcionário responsável por alimentá-las, vendo-me olhar curiosa a cena, me disse: "a senhora sabe, porque essa ave está assim tristonha e sozinha?" Respondi que não sabia. Ele então acrescentou: "A companheira dele morreu faz poucos dias, e desde então ele está assim, não acompanha os demais, e tem se recusado a comer, está numa tristeza que causa pena".
Ainda permaneci um tempo observando o comportamento da ave, e depois voltei para casa, e enquanto caminhava vim pensando que, até as aves sofrem a perda dos seus, e vivem o luto a maneira deles.
Nem um dia tão lindo ensolarado de primavera, trouxe alento para o coração tristonho daquela ave.



(Foto da autora)

Lenapena
Enviado por Lenapena em 23/09/2012
Reeditado em 23/09/2012
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